Vinte e sete pessoas no presídio tinham autorização para usar os quartos, mas a investigação vai determinar se outros detentos também usavam as suítes. Entre os presos com direito a visita íntima, dois são da Lava Jato.
As autoridades do Ministério Público disseram na tarde desta quarta-feira (7) que vão investigar se as suítes para visita íntima na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio eram usadas por “presos e não-presos”. Os promotores também corrigiram o número de suítes encontradas: 6, em vez de 4, divulgados anteriormente.
A investigação surgiu a partir de denúncia anônima, que não informou se as suítes eram usadas por presos da Operação Lava Jato que cumprem pena no presídio. Dos 27 presos que tinham direito a visita íntimas, dois são da Lava Jato.
“Encontramos no quarto andar esse parlatório, até então não era do nosso conhecimento. Esse local está em uma área que está em obra. Investigação pra apurar alguns pontos que mereciam esclarecimentos. O informe é de que o espaço era usados por presos e não presos”, disse a promotora Andrea Amin, coordenadora do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público.
“Não estamos limitando a nossa investigação a lâmpada vermelha, pintura de coração ou cama box ou televisão na parede. (…) as investigações estão em curso e ela não se limita a fatos como visitas íntimas naquelas unidades”, acrescentou.
Foram encontrados ainda, apenas nesta quarta-feira (7), R$ 10 mil em espécie espalhados em 10 celas de Benfica, inclusive com presos da Operação Lava Jato.
Eduardo Gussem afirmou que a investigação também faz uma devassa nos contratos da Secretaria de Administração Penitenciária: “Estamos em conjunto com o secretário David Anthony fazendo uma ‘devasssa’ em relação aos contratos da secretário de administração penitenciária. O que era uma exceção, virou regra. Para vocês terem uma ideia 75% dos contratos são renovados sem licitação ou compras diretas. Não se atém apenas a benefícios ou regalias”.
Segundo o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony, vídeos do circuito interno de segurança vão ser analisados. Vinte e sete pessoas no presídio tinham autorização para usar os quartos, mas a investigação vai determinar se outros detentos também usavam as suítes.
“Os quartos existem, legalmente existem presos que tem autorização judicial para usar o parlatório, são 27 presos. Pela quantidade de quartos e pelas características dos cômodos surgiu a suspeita do MP de algum delito. Presume-se a ação de servidores nessa facilitação. (…) a corregedoria da Seap está na unidade e vai permanecer lá, estamos fazendo uma devassa. Temos notícia de uma série de apreensões de material que não deveria estar lá, como dinheiro. A corregedoria está lá, vai auditar todos os processos e os HDs com as imagens de segurança serão analisados”.
“As horas e horas de filmagem vão revelar [se teve presença de prostituta]. São muitas horas de filmagem e certamente vão revelar. Mas a denúncia inicial não teve essa informação”, disse André Gussem.