De acordo com Valéria Leite, teoria foi criada para denegrir a imagem da filha
Acontece desde o início da tarde desta quinta-feira, 15, a audiência de instrução do caso Bárbara Regina, a jovem de 21 anos morta em 2012, após sair de uma boate no bairro da Ponta Verde. O principal suspeito pelo crime, Otávio Cardoso, acompanhou tudo por videoconferência. A mãe da vítima, Valéria Leite, foi uma das testemunhas ouvidas hoje.
Em sua oitiva, a mãe da vítima reconheceu Otávio como sendo o homem que aparece nas imagens do circuito de segurança da boate, que mostrou os últimos momentos antes do desaparecimento da filha. Valéria negou também que sua filha Bárbara fosse garota de programa e afirmou que “essa teoria foi criada pela polícia para denegrir a imagem dela”.
Bárbara foi descrita pela mãe como uma jovem calma e reservada. Ela disse que a filha gostava de sair com as amigas e que fazia o uso de álcool de forma moderada e que ela jamais teria tido envolvimento com ilícitos e iria de encontro com a teoria da defesa, de que Bárbara teria abusado do uso de álcool e drogas na noite em que morreu.
A mãe disse ainda que não era costumeiro Bárbara chegar muito tarde da “balada” e nem se envolver com pessoas que não conhecia e que amigas afirmaram, na época do crime, que Otávio teria passado a noite toda junto com Bárbara e que antes de sair da boate a filha teria dito “vou aqui e volto já” e o réu, ao contrário, teria dito que iria embora pois precisava acordar cedo no outro dia.
A audiência foi conduzida pelo juiz John Silas da Silva, acompanhado pelo Ministério Público e os advogados de defesa do réu, que participou por videoconferência, já que se encontra no Sistema Prisional de Alagoas. Ao todo foram relacionadas 10 testemunhas e quatro declarantes. Ainda hoje, o réu Otávio Cardoso será ouvido pelo júri.
Uma das testemunhas, que seria amiga de Bárbara, Mikaele Pimentel, não foi encontrada pelos agentes de Justiça. Bárbara teria saído do trabalho e trocado de roupa na casa de Mikaele, antes de ir para boate. Elas teriam ficado juntas a noite inteira.
Apesar de ter sido preso e das provas recolhidas pelas autoridades responsáveis pelo inquérito policial, o suspeito ainda alega inocência, sustentando que nada tem a ver com a morte da estudante.
Depoimento contraditório
Umas das testemunhas ouvidas hoje, Moab Balbino, amigo de Otávio que estaria na boate onde Bárbara Regina foi vista pela última vez e seria o proprietário do veículo que pode ter sido usado para transportar a vítima, recuou da versão que havia dado à Justiça e declarou, que não ouviu de Otávio Cardoso a informação de que ele teria matado a jovem em 2012. Inicialmente, em depoimento à polícia, Moab Balbino declarou que foi informado sobre o crime e que chegou a repassar esta informação para sua namorada Larissa Batista da Silva Souza, que também foi ouvida.
O Crime
Otávio Cardoso é acusado de violentar e matar Bárbara Regina após saírem de uma boate, localizada na Ponta Verde, no dia 1º de setembro de 2012, por volta das 3h. A vítima foi vista saindo do local acompanhada pelo réu na noite do crime. No dia do crime, Bárbara Regina estava acompanhada de amigas, quando teria conhecido o acusado e saído do local com ele, o que ficou comprovado pelas imagens extraídas do circuito de câmeras do estabelecimento.
O reconhecimento fotográfico feito por todas as amigas da vítima também é apontado um indício de que Otávio foi o homem que saiu com Bárbara da boate e, posteriormente, teria a matado por meio de asfixia e com golpes de punhal.
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De acordo com testemunhas, Otávio teria levado seu carro para um lava-jato dois dias após o crime. O veículo estava completamente sujo de barro e pó de cana, o que leva a crer que foi utilizado para transportar o corpo da vítima até o local onde foi ocultado. O acusado teria ainda confidenciado a um amigo ter assassinado Bárbara.
Em Alagoas, Otávio chegou a ser visto – depois de considerado foragido – em uma festa na cidade de Murici. Isso em maio de 2013, oito meses após o desaparecimento de Bárbara Regina. Uma das versões apresentadas à época foi que a jovem teria sido assassinada após se negar a fazer sexo com o suspeito. Em outubro de 2017 ele foi preso em Terra Nova do Norte, no Mato Grosso com um Honda HR-V de cor branca e placa QBS 3521, com queixa de roubo.