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Audiência pública homenageia artesão e debate “abandono” da classe em Alagoas

Câmara Municipal de Maceió

Câmara Municipal de Maceió

Os artesãos de Alagoas foram homenageados pela passagem do Dia Municipal do Artesão, nesta segunda-feira (19), com uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Maceió. Em um encontro bastante concorrido, esses profissionais foram representados pelos mestres artesãos e patrimônio públicos vivos de Alagoas, Vânia Maria Oliveira Santos e João Carlos da Silva, o “João das Alagoas”. Eles receberam a Comenda Mestra Artesã Clarice Severino dos Santos. A também artesã Josefa Moraes Valeriano foi homenageada com a entrega do Diploma de Mérito do Cooperativismo pelo seu serviço prestado à arte.

Proposta pela vereadora Tereza Nelma (PSDB) e aprovada pelos demais vereadores, a audiência também foi marcada pelo respeito a um minuto de silêncio pela morte do artesão José Marinho, que faleceu na madrugada desta segunda-feira. Além dos homenageados, a mesa da audiência pública também foi composta por José Nascimento de Lima, representando a Sedetur; Lindinalva Camargo, presidente da Associação dos Artesãos de Alagoas; Gisele Torres, do Conselho de Políticas Culturais; comendadeira Maria Severiana dos Santos (filha da mestra Clarice); e o prefeito de Capela, Adelmo Calheiros.

O encontro na Câmara também foi uma forma de os profissionais protestarem contra o que eles chamam de “abandono dos artesãos” por parte do Poder Público.

“Para mim, essa comenda é uma homenagem a todos os artesãos que estão aqui, dia 19 de março. Infelizmente, tem muito o que ser feito, a luta é difícil e ultimamente tenho sofrido muita pressão. Mas eu cobro, seja governador ou prefeito. Não sou de mandar recados. Não somos respeitados nem valorizados, mas não podemos ficar calados. Porém, é preciso que os artesãos se unam porque não adianta só eu falar, cobrar. Eu e João, por exemplo, já temos nosso lugar. Mas quem está começando?”, questionou Vânia Maira Oliveira Santos.

Outro assunto atual que não ficou fora das discussões no plenário da Casa de Mário Guimarães foi o bárbaro assassinato da vereadora pelo Rio, Marielle Franco, morta com quatro tiros na cabeça, na noite da última quinta-feira, no Centro da capital carioca. Homenageado, João das Alagoas traçou um paralelo da luta e fim trágico de Marielle e o trabalho dos artesãos em Alagoas. Ele se emocionou ao abordar o assunto.

“Graças a Deus hoje, posso dizer que vivo da minha arte. Mas nem sempre foi assim. O cenário não é bom, o Brasil passa por um momento difícil, momento como a morte da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro. Aqui, a gente ficou sabendo que ela morreu porque denunciava crimes e ajudava os que mais precisavam. Costumo dizer que, a gente com filho, precisa aguentar muita coisa calado no ambiente do artesanato em Alagoas”, afirmou João das Alagoas.

“Mais uma vez abro a Casa do povo para que o povo entre aqui e use a Câmara para falar de seus problemas. No Dia Municipal do Artesão, estamos aqui com a categoria para não só homenagear a todos os 14 mil profissionais no estado nas pessoas da Vânia e do João das Alagoas. Infelizmente, a categoria vive sérios problemas de desvalorização como ficou claro na fala de todos nesse plenário”, disse Tereza Nelma.