O acusado trabalhava com "Baixinha" havia quatro anos e disse que teve medo que ela o denunciasse
Um homem foi preso acusado de assassinar a arquiteta alagoana, Maria Alice Soares dos Anjos, de 74 anos, caso registrado na cidade de Olinda (PE). O assassino é o jardineiro que trabalhava com a vítima havia quatro anos. Ele afirma que cometeu o crime por medo que ela denunciasse os furtos que ele cometia na casa onde ela morava, no Sítio Histórico de Olinda. De acordo com a delegada Andrea Griz, Renato José da Silva, afirmou aos policiais que a vítima teria medido forças com ele, por ter resistido à agressão no momento do assassinato.
Uma lesão parecida com uma mordida da vítima foi encontrada no corpo do acusado. A polícia também informou que Renato confessou ter utilizado, sem autorização, o carro da vítima e ter subtraído seus bens inúmeras vezes, para custear dívidas pelo consumo de drogas.
“Ao que tudo indica, ele tinha cópias das chaves do carro e da casa dela, sem que ela tivesse consentimento. Ela viajou, em fevereiro, e deixou o carro com um vizinho. Temos imagens de Renato estacionando o veículo de Maria Alice. Ela notou que o carro estava sujo de areia, sem gasolina e com mais de 100 quilômetros rodados”, apontou a delegada.
Outros dois homens foram presos por receptação do celular da vítima, que foi utilizado para subsidiar as investigações contra Renato. Maria Alice, conhecida como “Baixinha” por amigos e familiares, foi encontrada morta no dia 13 de março, na casa onde morava, na Rua Treze de Maio.
No dia anterior ao assassinato, ela registrou um boletim de ocorrência sobre o furto de carne e bebidas de sua residência e, no mesmo dia, pediu a troca das fechaduras e cadeados que davam acesso à casa. Renato, de 28 anos, trabalhava em sua casa há cerca de quatro anos, e foi preso preventivamente no sábado (24).
“Renato diz que a vítima não costumava deixar muito dinheiro em casa, mas, como se para testá-lo, ela passou a guardar notas de alto valor na mesa da cozinha. Há uma foto dele no WhatsApp ostentando notas do mesmo valor”, disse a delegada.
Suspeita
Ainda segundo a polícia, Baixinha suspeitava que Renato, mesmo sendo de sua confiança, teria começado a praticar os furtos em sua casa. O desaparecimento de um botijão de gás também motivou a desconfiança.
“Renato disse que ter ido na casa da vítima, no dia do assassinato, e notado que ela mudou a fechadura. Ele invadiu o quintal e ela, ao perceber, abriu a janela do quarto onde dormia e questionou ‘você vai levar o outro?’, se referindo ao botijão de gás. Ele negou, mas pediu que ela descesse, o que ela fez. Ele deu uma chave de braço nela e uma pedrada, o que a fez desmaiar. Ela gemeu e ele, que disse não querer ouvir, finalizou jogando um vaso na cabeça dela”, disse Andrea.
Exames periciais da cena do crime, da lesão encontrada no corpo de Renato e da causa da morte de Maria Alice foram solicitados pela polícia, para subsidiar as investigações.
O acusado foi encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, onde ele vai permanecer por 30 dias ou até a renovação da prisão, com o fim do inquérito policial.
Roubo de celular
Renato também confessou à polícia que, após o assassinato de Maria Alice, roubou o celular da vítima, que tinha dois chips, e uma bolsa com documentos. Ele revirou a casa para fazer parecer que alguém entrou apenas para praticar o latrocínio e chegou a enviar um áudio à faxineira de Maria Alice, perguntando se ela tinha conseguido entrar na casa.
O celular de Baixinha foi encontrado após diligências policiais, com Adriano Henrique da Silva, de 28 anos. Ele foi autuado por receptação e informou que comprou o celular de outro suspeito, Maxiel Lima da Silva, de 20 anos, que também foi preso, mas teve a prisão “relaxada” por falta de motivos que justificassem o cárcere. Maxiel, por sua vez, informou que conseguiu o telefone por R$ 80 com Renato. Esse foi o fato que deu base ao pedido de prisão preventiva da polícia.