Estudantes de medicina, psicologia, enfermagem, odontologia e terapia ocupacional convidaram o médico Hemerson Casado para diálogo sobre saúde e espiritualidade
A Liga de Saúde e Espiritualidade, composta por universitários da área de Saúde de instituições públicas e particulares, recebeu em sua última reunião o cardiologista e portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) Hemerson Casado para um bate-papo. Os estudantes questionaram a espiritualidade ao longo dos diferentes momentos da vida do médico e agora como paciente de doença rara.
Casado disse que, na juventude, não pensava muito em espiritualidade, mas que sempre acreditou e temeu a Deus. “Nessa fase, eu acredito que os momentos nos quais mais refleti sobre espiritualidade foram quando eu cursava anatomia, quando vivi o inferno do pronto socorro e conheci a morte de perto e, em seguida, quando fui para o interior fazer estágio rural e convivi com as mazelas de um típico país injusto. Vi muito sofrimento da população e isso aguçou a minha espiritualidade”.
Ao ser questionado sobre o que mudou após a doença, ele respondeu que precisou trabalhar muito a mente e ter a coragem que, ao longo de vinte e cinco anos exercendo sua profissão, pedia que seus pacientes tivessem ao enfrentar uma cirurgia cardíaca de alto risco.
“Não é fácil. Essa doença é terrível, é lenta, e você sabe que não tem retorno. Cada fase traz uma reação diferente. A ELA tirou muitas coisas minhas sem nenhuma pena, de forma dolorosa, não dor física, mas uma dor na alma. No início tive a impressão de que a vida não tinha mais saída, não tinha mais sentido, mas, quando menos esperei, veio uma luz no fim do escuro túnel ao qual me meti. Você encontra com Deus e tudo começa a ter uma nova perspectiva. Não sou Santo. Mas hoje encontrei verdadeiramente Deus e ele tem me lapidado como um diamante. Hoje aceito a minha doença e agradeço a misericórdia de Deus por estar superando o tempo que me deram de sobrevivência de forma ativa”, desabafou.
Indagado sobre qual é seu grande sonho, Casado disse que é o de encontrar a cura para a ELA, ficar em pé novamente e poder voltar a realizar seu ofício operando corações. Em seguida, dois universitários e uma convidada da Liga pediram a palavra. A primeira o orientou “Esqueça o corpo e foque em sua mente. Como familiar de um paciente de doença rara, ficamos felizes de ver o senhor trabalhando duro por todos nós”.
O segundo a falar disse que Deus tem um propósito para a vida do médico e que ele era fonte de inspiração para todos os presentes. Já a terceira disparou “Deus arrumou-te um novo jeito de operar corações”.