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Testemunha envolve vereador e miliciano na morte de Marielle

Marcello Siciliano (PHS) nega envolvimento e diz se tratar de 'notícia totalmente mentirosa'. Testemunha deu detalhes

Divulgação

Marielle foi morta dentro do veículo juntamente com o motorista no dia 14 de março

O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo e o vereador Marcello Siciliano (PHS) foram apontados por uma testemunha como suspeitos da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). O jornal O Globo teve acesso ao depoimento da testemunha, que trabalhou para uma milícia no Rio de Janeiro. O homem, que trabalhou para o grupo como segurança por dois anos, contou tudo que sabia em troca de proteção. Procurado pelo jornal, Siciliano nega envolvimento.

Segundo a publicação, a testemunha contou à polícia que Orlando – atualmente preso por chefiar milícia – e o vereador queriam a morte de Marielle. As ações da vereadora estariam atrapalhando o trabalho da milícia no Rio.  Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos no dia 14 de março.

Ainda de acordo com o jornal, o homem revelou detalhes sobre os planos para a execução da vereadora do PSOL que começaram em junho de 2017. Ele forneceu aos investigadores dados como datas, horários e locais das reuniões para tratar do assunto. Ao Globo, o vereador apontado pela testemunha disse que não conhece Orlando. “Notícia totalmente mentirosa”, afirmou.

Depoimentos
Inicialmente, a testemunha procurou a Superintendência da Polícia Federal. Ao perceber a gravidade das informações, os delegados encaminharam a testemunha para o chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa.

Segundo o Globo, no relato a testemunha conta que presenciou quatro conversas entre o ex-PM e o vereador. Ele também revela os nomes dos quatro homens escolhidos para executar Marielle. Eles já estão sendo investigados pela polícia.

“Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: ‘Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando’. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: ‘Marielle, piranha do Freixo’. Depois, olhando para o ex-PM, disse: ‘Precisamos resolver isso logo'”, relatou a testemunha sobre o que ouviu em um dos encontros.

O plano teria começado após um desentendimento entre Marielle e Siciliano. A parlamentar estava expandindo ações comunitárias na Zona Oeste, que também e dominada pelo tráfico.

Bombeiros, empresários e outros policiais são citados nos depoimentos da testemunha. Pelo menos 15 nomes foram apontados como integrantes do grupo comandado pelo ex-policial e vereador. O político seria o responsável por financiar as ações da milícia e o ex-PM seria “uma espécie de capataz”. A milícia também pode estar envolvida com grilagem de terras na região do Recreio dos Bandeirantes.

Segundo a testemunha, ela passou a trabalhar como segurança para os supostos mandantes do crime após ameaças. Antes, trabalhava instalando TV a cabo em uma das comunidades invadidas pelo grupo. O faturamento mensal da quadrilha seria de cerca de R$ 215 mil.

O ex-PM teria dado a ordem para a execução um mês antes do crime da cela de Bangu 9. Homens de confiança clonaram o carro usado no crime e passaram a monitorar a agenda da vereadora.

A testemunha também relatou que após a morte de Marielle houve três execuções para ‘queima de arquivo’. Até agora, nove vereadores foram ouvidos no inquérito da morte da vereadora do PSOL.