Uma audiência pública que aconteceria na tarde desta sexta-feira, 25, na Câmara Municipal de Maceió (CMM) – para discutir a gratuidade e acessibilidade nos transportes públicos urbanos para cadeirantes e pessoas com diversos tipos de deficiências e doenças crônicas – teve que ser cancelada por falta de acessibilidade.
Seria irônico, se não fosse trágico, mas o elevador do prédio da Câmara, que fica na Praça Marechal Deodoro, no Centro, não está funcionando. A dificuldade técnica impediu que dezenas de cadeirantes e pessoas com dificuldade de mobilidade não conseguissem ter acesso ao plenário, o que acabou adiando a audiência solicitada há quase três meses pela Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal).
De acordo com o presidente da associação, João Ferreira Lima, ninguém avisou aos participantes sobre a dificuldade que enfrentariam, levando a um grande transtorno e revolta. “Isso é revoltante. Nós que temos na câmara de vereadores representantes que dizem lutar pelos pleitos das pessoas com deficiência, ficamos impedidos de participar de uma audiência para debater temas do nosso próprio interesse”, falou o representante.
Para ele, a situação ocorrida hoje é um reflexo de como o deficiente físico é visto pela sociedade. “Nós conseguimos esse espaço, mas ninguém, em nenhum momento, pensou na coisa mais básica: como nós nos faríamos presentes na audiência. E não é só agora, é em qualquer outro momento. Isso faz com que fiquemos cada vez mais à margem, sem poder opinar”, concluiu.
A revolta é compartilhada pelo presidente da Associação dos Cadeirantes de Maceió, André Dionísio, que classificou a situação como vergonhosa. “Passar por uma situação dessa, justamente aqui [na Câmara Municipal de Maceió], após enfrentar no dia-a-dia uma luta tão intensa por acessibilidade, é horrível para gente. É uma vergonha. Esperamos que a audiência seja remarcada logo e para um local acessível”, declarou.
A audiência pública em questão foi proposta pela vereadora Tereza Nelma (PSDB) que em entrevista ao Alagoas24Horas, disse que sabia da indisponibilidade do elevador do prédio, mas que “tinha esperança de que o elevador voltasse a funcionar”, e que não foi apenas essas questão que impediu a realização do debate, mas também “o grande número de pessoas presentes e pingueiras no auditório, o que poderia ocasionar um curto circuito”.
“Nós pedimos desculpas enquanto Câmara, e garantirmos que vamos remarcar a audiência já para a próxima semana, para fortalecer e pedir sempre a dignidade para todas as pessoas com deficiências”, declarou.
A vereadora informou que irá solicitar ao Ministério Público Estadual (MPE-AL), o auditório do prédio sede para a realização da audiência pública.
A assessoria de comunicação da Câmara de Vereadores emitiu nota a respeito da situação:
“A vereadora propositora da audiência foi avisada com antecedência de que o prédio não está dispondo de elevador. Há um laudo técnico da empresa que presta a manutenção afirmando que o equipamento não tem mais conserto e que o ideal seria comprar um novo.
Como estamos nos mudando para a nova sede em Jaraguá, a mesa diretora decidiu por não adquirir essa nova rampa elevatória, pois seria um investimento desnecessário. A própria vereadora esclareceu essa questão em plenário ao comunicar que estaria adiando a audiência para a próxima semana em um novo local.”