Moradores do condomínio Bosque das Acácias, localizado na Avenida Cachoeira do Meirim, no Benedito Bentes, estão revoltados com a interrupção do fornecimento de gás natural de todo o residencial, que ocorreu na manhã desta segunda-feira, 4 e com a ameaça de corte de água e energia, anunciados pelas concessionárias. De acordo com o grupo que procurou o Alagoas 24 Horas para denunciar o caso, os cortes seriam consequência do não repasse dos valores arrecadados pela síndica às empresas.
Após o corte no fornecimento do gás, o grupo conta que muitas famílias passaram sufoco porque não esperavam a situação. Dentre os relatos de moradores, um que chamou atenção é o de uma idosa de mais de 90 anos que precisou pedir ajuda aos vizinhos para se alimentar porque não tinha como cozinhar.
Os moradores alegam que pagam mensalmente o valor de R$ 180 para manutenção dos serviços do condomínio e estão revoltados com o não repasse, por parte da síndica. Funcionários da Algás informaram que a última fatura havia sido paga em março deste ano e que o débito do condomínio chega a R$ 14 mil, referente aos meses subsequentes.
Um funcionário da Casal também teria adiantado que há pelo menos três faturas em aberto e que deverá realizar o corte até amanhã. “A gente não faz ideia de quais contas foram pagas e o que foi feito desse dinheiro que pagamos todos os meses. Uma comissão foi prestar queixa na Central de Flagrante e depois foi ao Fórum do Barro Duro tentar mover uma ação para evitar que o prejuízo seja maior”, disse um morador que não quis se identificar.
Disputa
O Alagoas 24 Horas conversou, por telefone, com a síndica do condomínio, que também prefere ter o nome preservado. Ela confirma que o fornecimento de gás natural de fato foi interrompido, na manhã de hoje, mas tem uma explicação diferente do que foi relatado pelos denunciantes.
A origem das denúncias seria a disputa de uma “chapa provisória” pelo cargo. Segundo ela, um dos integrantes de tal chapa estaria retendo os boletos de pagamento das concessionárias. Sem acesso a estes, ela teria deixado de pagar a conta referente ao mês de abril, o que resultou no corte. No entanto, imediatamente após o corte, a síndica procurou a Algás e conseguiu fazer um acordo para o parcelamento da dívida e conseguiu o religamento ainda nesta tarde.
Questionada sobre os débitos do condomínio, a representante do residencial Bosque das Acácias, explicou que, desde que assumiu o cargo há cerca de dez meses, vem “operando no vermelho”. As faturas são pagas de forma intercalada porque não há dinheiro suficiente em caixa. Um dos motivos, seria a inadimplência que atinge 32% das mais de 300 unidades habitacionais.
Em relação aos débitos com a Casal, a situação não é diferente. Ela conta que o condomínio deve mais de R$ 200 mil, acumulados em dois anos de existência. “Quando eu assumi como síndica peguei uma herança de débitos da antiga gestão. Fizemos um acordo com a Casal e parcelei o débito de forma que não será possível o corte de água, mediante acordo estabelecido. São boatos”, garantiu.
Quanto ao fato de não ter sido encontrada em seu apartamento, ela afirma que deixou o local na sexta-feira passada (1) porque foi ameaçada por um grupo e agredida verbalmente. Finalizou a entrevista explicando que, apesar de estarem querendo sua destituição do cargo, ela só poderá fazê-lo quando prestar contas ao juiz da 1º Vara da capital, Ivan Vasconcelos, que determinou uma auditoria nas contas do residencial. O prazo estabelecido pelo magistrado se encerra no mês de julho.
*Matéria atualizada às 19h52.