Cultura

Editora independente aposta em coletânea de contos sobre Maceió

Inferno Tropical reúne seis autores alagoanos e seu lançamento acontece no próximo sábado (30), a partir das 18h, no SESC Centro

Assessoria

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Do encanto à angústia, a cidade de Maceió é marcada por diferenças notadas claramente. São ecos de violência, desesperança, exclusão social e a sensação de não-lugar que o tempo inteiro nos faz questionar se realmente algo possa “dar certo” nesse território banhado de mar e sangue.

A coletânea de contos Inferno Tropical (Sirva-se Edições Alternativas, 2018), terceiro lançamento da Sirva-se Edições tem como ponto de partida a cidade de Maceió e reúne seis nomes que se transformam numa amostra do panorama literário e social maceioense, filtrado e regurgitado em histórias inevitavelmente ácidas, grotescas de tão realistas e delirantes de tanta quentura na cabeça. Participam do livro: Adson Ney, Amanda Prado, Ari Denisson, Jean Albuquerque, Mattüs e Sérgio Prado Moura. O lançamento acontece neste sábado (30), a partir das 18h, no SESC Centro, localizado À rua Barão de Alagoas, nº 229.

A ilustração da capa é assinada pela artista ilustrativa, Edinir Aprígio, e traduz em imagens a atmosfera que a localidade imprime em nossas vidas junto com o sentimento coletivo que nos empurra para as grandes capitais em busca de reconhecimento e uma vida melhor.

“Não tem como escapar do lugar comum de todo maceioense que é o de ter com a cidade a relação de amor e ódio. Maceió é meu chão, minha raiz, a seiva que me nutre. Eu tenho uma grande admiração e respeito pelo povo, pelas tradições populares, pela cultura, daquela Maceió profunda, do mangue, das grotas, essa Maceió que resiste e grita. Do outro lado, temos uma elite horrorosa, escravocrata, arrogante, que se alimenta da miséria e uma classe média que infelizmente incorpora as práticas e o discurso das elites, reverbera seus preconceitos… E para garantir a ordem temos um aparato repressor brutal, extremamente seletivo que atua para manter a periferia no seu devido lugar, para manter os pobres no seu devido lugar e para punir que ousa sair do comportamento esperado”, defende o escritor e bancário Sérgio Prado Moura.

De acordo com o professor e escritor, Ari Denisson, Maceió é a cidade onde as pessoas que não tem outra opção senão a de ficar, reinventa, cria formas de resistir a todas as dificuldades, quer materiais, quer conceituais. “De uns tempos pra cá, tenho tentado prestar atenção nas várias cidades presentes dentro de minha cidade: a cidade do universitário, do professor, do motorista de aplicativo, da trabalhadora de loja. Nem sempre essas cidades coincidem, e é dessa tensão conceitual que eu tenho buscado alimentar o que eu escrevo”, afirma.

Reconfigurada no mar da cultura Underground, a Sirva-se Edições Alternativas, navega na contrainformação, consumindo e produzindo em tudo o que este universo tropical nos fornece: reintegrações de posse, crimes esquecidos pela mídia, história de dor, drogas e desesperança alimentadas pelo calor de uma cidade que consegue ser uma das mais belas e violentas do país.

Os autores

Adson Ney

É um jovem problemático maceioense, nascido e criado na parte baixa da cidade. Morador do bairro do Prado, torcedor incurável do CSA e envolvido com o submundo da produção independente. Sociólogo por determinação, traficante de versos por insistência, escreve sobre o cotidiano conturbado de seu paraíso fétido e tropical.

Amanda Prado

É doutoranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Alagoas, coordenadora do projeto Ofélia – Oficina de Experimentação Literária e integra o coletivo Elisa. Em 2017, com o livro de contos Maquinaria para compor silêncios (inédito), foi finalista dos prêmios Sesc e Cepe.

Ari Denisson

É professor e escritor. Publicou o livro de poemas baroque.doc (Edufal, 2011) e os Contos Periféricos (Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2017). Sua banda Ari e os Aerolitos tocou no FEMUFAL 2014 e um dia voltará à cena.

Jean Albuquerque

É Jornalista, escreve sobre Cultura Alternativa no blog SIRVA-SE. Participou da 1º edição do primeiro Festival Literário na Internet (FLIPOBRE). Lançou em 2017, o livro de poemas Os Deuses Estão Embriagados de Uísque Falsificado (Sirva-se), Meu peito é um caminhão de mudança abarrotado com todas as lembranças que você deixou (2016), Oxenti Records, é seu livro de estréia. Entrevista escritores alagoanos no Projeto Margem Cultural.

Mattüs

É habitante do underground maceioense há quase 15 anos. A figura surgiu através do universo dos fanzines, sendo editor do grotesco zine marginal Spermental (2006-2013), O Novo Pagão, Histórias pra Belzebu Dormir e foi colaborador dezenas de outros zines com malucos mundo afora. Em 2016, lançou O Beco das Almas Famintas e deu sequência indireta a sua obra em A Febre do infinito (2018), onde ambos os livros discutem de maneira ficcional a violência, drogas, sexo e materialismo disseminados na sociedade maceioense.

Sérgio Prado Moura

49 anos de chão, escritor e proletário, da Jatiúca antes da moda, vive um amor instável e às vezes mal correspondido com Maceió, adora a maresia e o cheiro da lagoa.

SERVIÇO

O que: Lançamento da coletânea de contos Inferno Tropical

Onde: SESC CENTRO – Rua Barão de Alagoas, nº 229.

Quando: Sábado 30/06.

Quanto: Evento Gratuito.