Polícia

Laudo da perícia constata que Tatiane Spitzner teve fratura no pescoço típica de esganadura

 

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) tem até esta segunda-feira (6) para oferecer denúncia à Justiça contra Luís Felipe Manvailer, de 32 anos, suspeito pela morte da mulher, Tatiane Spitzner, de 29 anos, em Guarapuava, na região central do estado.

A advogada foi achada morta depois de cair do 4º andar do prédio onde morava com o marido.

À RPC, o MP adiantou que deve denunciar Luis Felipe por feminicídio, com quatro agravantes, e pedir que ele vá a júri popular.

Câmera de segurança

Câmeras registraram agressões do marido a Tatiane no elevador do prédio em Guarapuava

“Houve prática do feminicídio mediante violência contra mulher, que foi sendo praticada durante o relacionamento de forma muito progressiva e visível”, afirmou a promotora Dúnia Serpa Rampazzo.

A perícia feita no local da morte já constatou: Tatiane teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura. A RPC teve acesso ao laudo, que também indica marcas nas laterais do pescoço.

A suspeita é a de que Luís Felipe tenha apertado o pescoço da mulher com as mãos até provocar uma asfixia e a fratura.

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Luis Felipe e Tatiane estavam juntos havia cinco anos

Lutador de artes marciais, Luis Felipe é faixa roxa de jiu-jítsu.

Um atleta de 32 anos que agrediu a mulher por mais de 20 minutos, como revelaram imagens de câmeras de segurança, e que, para ficar mais musculoso, vinha tomando suplementos alimentares e anabolizantes.

Todos esses produtos foram encontrados no apartamento de Luís Felipe Manvailer, que está preso, acusado de jogar Tatiane pela sacada do prédio onde moravam. As fotos das embalagens estão no inquérito policial.

“A musculatura dele aumentou muito em pouco tempo. O médico tinha receitado uma dosagem normal. Ele tomava doses cavalares para a musculatura”, conta o pai de Tatiane, Jorge Spitzner.
Para a RPC, Jorge falou que, em abril deste ano, Luís Felipe, que é biólogo e professor universitário, brigou com um homem em uma festa.

“Três ou quatro não conseguiam segurar. Teve uma explosão de agressividade, mas mal sabia eu que um dia a minha filha poderia ser o alvo disso”, disse.

A família de Tatiane criou páginas nas redes sociais para incentivar a luta contra o feminicídio.

Tatiane e Luís Felipe se casaram em 2013 e se mudaram para Alemanha, onde foram estudar. Uma amiga de Tatiane, Rosenilda Bielack, que conviveu com o casal no exterior, contou que a advogada era maltratada pelo marido.

“Tudo era motivo para ele maltratar a Tati, falar coisas pesadas, pejorativas sempre”, afirmou.
Rosenilda suspeita que as agressões já aconteciam naquela época, já que outras amigas viram Tatiane com hematomas.

“Ela chegava roxa no braço. Cheguei a perguntar várias vezes: ‘Existe agressão física?’. Ela não falava sobre isso”, relatou.

Entre março e junho deste ano, a advogada mandou mensagens para Rosenilda, reclamando do marido; disse que ele era “grosseiro, estúpido” e que “tinha ódio mortal dela”.

Reprodução

Nas mensagens, entre março e junho deste ano, a advogada relata sentir “medo” e diz que Manvailer tem “ódio mortal” por ela

Os promotores estão analisando as imagens e os depoimentos das testemunhas e resultados de exames da polícia científica que começaram a sair.

Até o momento, o MP-PR tem em mãos o inquérito da Polícia Civil, que tem 400 páginas com 18 depoimentos, relatório detalhado da imagens das câmeras de segurança e o laudo do local da morte que mostra marcas no pescoço de Tatiane.

Ainda faltam os laudos da necropsia que deve indicar se a advogada foi morta antes de cair ou com a queda do quarto andar; da perícias nos celulares de Tatiane e de Luís Felipe; e da perícia feita com ajuda de um boneco no prédio em que o casal morava.

Entenda o caso
A queda de Tatiane foi na madrugada do dia 22 de julho, no Centro. Conforme a Polícia Civil, depois da queda, Luis Felipe recolheu o corpo de Tatiane e o levou de volta para o apartamento.

Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil de Guarapuava, na região central do Paraná, relatou que viu o marido recolhendo o corpo e que ouviu gritos: “Meu amor, acorda”.

O marido foi preso após sofrer um acidente de carro na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, a 340 quilômetros de Guarapuava.

Ele foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio qualificado, motivo torpe, uso de meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima e condição do sexo feminino (feminicídio), além do furto do carro da vítima. Ela nega as acusações e diz que a esposa se jogou da sacada.

O casal estava junto havia cinco anos e era “feliz”, de acordo com a defesa do marido. O Ministério Público (MP-PR), porém, diz que Tatiane vivia um relacionamento abusivo. A família e amigos da vítima relataram que ela queria o divórcio.