Quem nunca desejou ter um veículo e possuir o documento exigido para guiá-lo. Entretanto, nas cinco regiões do país, entre homens e mulheres de todas as faixas etárias a emissão de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) cai desde 2015. O volume total passava dos 3 milhões em 2014, mas, no ano passado, recuou para 2,1 milhões.
É o que revela levantamento feito pela empresa de pesquisa Ipsos a partir de dados fornecidos pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Os analistas estão de olho especialmente no comportamento dos jovens dos 18 aos 21 anos, nicho tradicionalmente mais ávido por ostentar a carteira de motorista como sinal de independência e status.
No levantamento, divulgado no fim do primeiro semestre de 2018, a Ipsos identificou queda de 20,6% na quantidade anual de carteiras emitidas de 2014 para 2017 nessa faixa etária. Nordeste e Sudeste foram as regiões em que o declínio se mostrou mais contundente.
Trazendo esses dados em modo geral para o estado de Alagoas, no mesmo período, houve uma redução de quase 31% na emissão da Carteira Nacional de Habilitação. Ao fazer um comparativo do primeiro semestre de 2017 e 2018, 4.755 solicitações de certificados para emissão da CNH deixaram de ser feitos, onde em fevereiro deste ano apenas quatro solicitações foram contabilizadas em todo o estado.
Uma outra pesquisa, feita pela Junior Mackenzie Consultoria, mostrou que 55,4% dos jovens brasileiros entre 18 e 22 anos não tiraram a CNH. Os pesquisadores, porém, atentam para outro dado: a falta de interesse do jovem em dirigir. Uma das explicações seria que a carteira de motorista não encabeça mais os sonhos de consumo dos jovens.
A pesquisa revela também que a estabilidade econômica do Brasil, neste período de turbulenta recessão e indefinição política influência o poder de compra dos jovens e seus responsáveis, o que acaba influenciando para deixar um documento tão sonhado como última opção, e até mesmo desnecessário.
João Batista Neto, presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Alagoas (SindCFC-AL), diz que os CFC’s “estão à beira de uma crise e isso é reflexo das incertezas na economia”, por isso atribuiu a baixa na procura pela primeira habilitação ao desemprego e ao aumento do custo de vida dos brasileiros.
O estado alagoano é um dos únicos do país que possui a CNH mais barata. Em média, o candidato a condutor tem de desembolsar R$ 1.350 para conseguir uma habilitação na categoria B, que o autoriza a dirigir automóvel, caminhonete, camioneta e utilitário.