Dois anos se passaram das Olimpíadas do Rio. Desde então, a organização, que estourou o orçamento inicial em R$ 7 bilhões (Ministério Público Federal), apresenta uma dívida que ainda nem foi calculada, além de obras que estavam no projeto inicial do evento e que nunca saíram do papel.
Somente para a empresa francesa GL Events, uma das principais contratadas para o evento, a organização acumula uma dívida de mais de R$ 50 milhões, conforme mostrou o Fantástico em reportagem exibida no último domingo (19).
“Encerrados os jogos, nós ainda temos uma pendência, uma dívida de R$ 52 milhões aproximadamente. São várias execuções e ações ordinárias cobrando essa dívida” afirmou Gustavo Gregati, advogado da empresa.
A empresa portuguesa Irmafer, responsável pela alimentação das vilas olímpicas, segundo informou o ‘G1’, teve de aceitar uma redução de 20% do valor acertado inicialmente para conseguir receber.
O Comitê Organizador da Rio 2016 ainda não calculou a totalidade da dívida, mas afirmou ao ‘Fantástico’ que deve ter os números exatos até setembro.
“Existem fornecedores não-pagos, existe dívidas trabalhistas, existem dívidas de ingressos, existem devoluções de instalações esportivas que a gente ainda tem que devolver e ajustar algumas coisas. Basicamente esses quatro pontos fazem a nossa dívida” afirmou icardo Trade, diretor-executivo do comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Mesmo com a dívida e com o orçamento estourado em R$ 7 bilhões, alguns projetos ambientais e de infraestrutura nunca entraram em prática. No projeto inicial foi prometido o plantio de 13.250 mudas de árvores após a Olimpíada.
Na cerimônia de abertura dos Jogos, os atletas puseram em pequenos tubos dentro de um painel sementes de 207 espécies de plantas nativas da Mata Atlântica. Era o início da Floresta dos Atletas, que seria plantada em Deodoro, na Zona Oeste. Desde então nenhuma muda foi plantada.
Outro projeto ambiental que estava previsto era a despoluição de 80% da Baía de Guanabara, o que nunca aconteceu.
“As Olimpíadas não deixaram pro Rio de Janeiro um legado ambiental efetivo. A baía continua poluída, a quantidade de lixo flutuante que a baía recebe ainda é 40 toneladas por dia, a baía ainda recebe 18 mil litros de esgoto por segundo”, alerta o especialista Sérgio Ricardo, do movimento Baía Viva, em entrevista ao ‘Fantástico’.