Realizada anualmente pelo Movimento, a Feira da Reforma Agrária já está no calendário dos camponeses e camponesas, mas também da população maceioense, que já aguarda os dias da comercialização do que é produzido pelos Sem Terra de Alagoas.
De acordo com Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, a Feira é um importante momento de aproximação do campo com a cidade. “É durante os dias de Feira que a população consegue enxergar concretamente os resultados da luta e da organização dos Sem Terra”, explicou.
“Quem visita a Feira, compreende que a produção de alimentos que estará em nossas bancas, é resultado das ocupações, marchas e das diversas lutas realizadas na defesa da Reforma Agrária e dos direitos do povo”.
Reunindo representação dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária de todas as regiões do estado de Alagoas, a Feira leva à capital uma demonstração da diversidade do que é produzido no campo alagoano, pelas mãos dos camponeses e camponesas organizados e em movimento.
Segundo Débora, que integra o Setor de Produção do MST, esse ano a Feira deve superar o número da Feira de 2017 no que diz respeito ao número de feirantes nos quatro dias de atividade na capital.
“Nossa expectativa esse ano, mesmo nas adversidades e dificuldades que enfrentamos para realização das Feiras, é a de fazer uma grandiosa Feira da Reforma Agrária. Já são mais de 200 feirantes confirmados e confirmadas com suas bancas para participar da Feira, com uma grande variedade de produção de alimentos do Sertão ao Litoral do estado”, destacou Nunes.
Programação
Já na próxima quarta-feira (05), nas primeiras horas do dia, os maceioenses poderão aproveitar da comercialização dos alimentos na Praça da Faculdade, onde todos os produtos serão vendidos abaixo do preço do mercado convencional.
Além das mais de 200 bancas organizadas ao longo da praça no bairro do Prado, quem visitar a Feira também poderá participar de uma série de atividades, além de acompanhar uma vasta programação durante todos os dias da Feira na capital alagoana.
O tradicional Festival de Cultura Popular que, em 2018, conta com cerca de 20 atrações durante toda a Feira, levando uma diversidade de atividades culturais à Praça, como o Coco de Roda, Maracatu, Samba, Forró, com a participação de diversos grupos culturais e artistas, como é o caso da patrimônio vivo da cultura alagoana, Dona Zeza do Coco, que vai ao palco na primeira noite do Festival.
“Uma das novidades esse ano da Feira é o Palco Raquel Xukuru-Kariri, um novo polo de atrações culturais que vai funcionar durante todas as tardes com atividades diversas como teatro, poesia e oficinas de artes”, explicou José Roberto, da coordenação do MST.
O palco que vai homenagear a líder indígena de Palmeira dos Índios que faleceu esse ano, deve movimentar as tardes da Feira com diversas linguagens da arte e da cultura. José Roberto destacou a quinta-feira (06), onde o palco recebe atrações infantis, numa programação exclusiva para as crianças. “Será um bonito dia de celebração e encontro das crianças do campo e da cidade”, comentou.
“Além disso, o nosso Restaurante Popular vai funcionar todos os dias com o melhor da culinária da roça, com um cardápio exclusivo para os homens e mulheres que queiram saborear um bom café da manhã, almoço ou janta com gostinho do campo”, disse José Roberto.
Organização coletiva
Resultado da organização e da luta coletiva dos Sem Terra, as 19 edições da Feira da Reforma Agrária em Maceió, também marca a identidade do trabalho em mutirão dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST.
“A Feira é organizada os 12 meses do ano. Ela, em seus 19 anos, já faz parte do calendário do MST em Alagoas”, explica Débora. “Em todos os assentamentos e acampamentos o povo já prepara sua produção para o mês de setembro, com o prazer de trazer para Maceió o resultado da sua luta e do seu suor”.
“Além disso, desde a semana passada, companheiros e companheiras já se organizam na capital para dar corpo a nossa Feira: montagem da estrutura, ornamentação, limpeza da praça… São mais de cinquenta pessoas divididas em diversas equipes de trabalho que dão vida às edições da Feira. Desde o último sábado (01) já estamos acampados na Praça da Faculdade, cuidando do espaço e levantando a estrutura da nossa Feira”, disse.