Jovem tatuado na testa deixa clínica após 16 meses: ‘Ele não estava mais aderindo ao tratamento’


O jovem de 18 anos, que teve a frase “eu sou ladrão e vacilão” tatuada na testa por dois homens em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, deixou a clínica onde fez tratamento contra vício de crack e álcool nesta quarta-feira (10). Ele recebeu alta, mas deve seguir recomendações para controlar a dependência química.

Foram quase 16 meses de tratamento desde que ele ficou internado em 13 de junho de 2017 na Clínica Grand House, em Mairiporã, na Grande São Paulo. Recentemente ele foi transferido para outra unidade, em Extrema (MG), de onde saiu em alta do tratamento.

Apesar de ter recebido a alta, esta segunda etapa do tratamento do jovem ocorreu de maneira voluntária, diferente do período inicial do tratamento, que só foi possível por intermediação da Justiça e da mãe, Vânia Aparecida Rosa da Rocha.

O tratamento a que o jovem foi submetido incluiu sessões de terapia a laser para a retirada da tatuagem na testa, que deverá ser continuada por ele mesmo fora da internação. “Ele estava internado de forma voluntária, já tem mais de 18 anos e pode tomar as próprias decisões, ele não estava mais aderindo ao tratamento”, disse a psicóloga Marcela Abrahao da Silveira, coordenadora da clínica Grand House, responsável pelo tratamento do jovem.

“Ele novamente se evadiu da comunidade, ele tinha ganho um celular da equipe e teve uma recaída, ele vendeu o celular para usar droga. Conversamos com a família, chamamos a mãe para uma reunião nesta segunda-feira. Inicialmente ela solicitou a internação via promotoria. Esperamos que a família ofereça todo o apoio e respaldo para o jovem.”

“Ele pede, não quer mais fazer o tratamento, quer voltar à sociedade. Ele não quer se tratar mais, chega uma hora que o profissional fica impotente, temos limitações como profissionais. Passamos todas as instruções para ele. Esperamos que ele volte a trabalhar e a estudar. Ele tem o direito de escolha de sair.”

Em nota, a Clínica Grand House disse que “hoje é o dia da alta. Após aproximadamente 1 ano e meio de tratamento esperamos que ele fique bem e que consiga utilizar as ferramentas obtidas durante o tratamento para a dependência química. Seu processo de recuperação continua, a luta contra a dependência química é diária, pois é uma doença crônica – ele deve buscar grupos de apoio (12 passos) e demais recursos disponíveis.”

Os responsáveis pelo tratamento até então disseram no documento que “esperamos que ele ponha em prática as estratégias aprendidas para que consiga lidar com situações de alto risco e que inicie esta nova etapa de sua vida com fé e sucesso. O tratamento para a remoção da tatuagem continua mesmo sem estar mais internado.”

O G1 procurou a mãe do jovem para falar sobre o atual momento do filho, mas ela não se pronunciou até a publicação desta reportagem. Segundo informações da clínica, o jovem optou por morar na casa de um tio, em Embu das Artes, na Grande São Paulo.

Durante todo o tempo em que o jovem ficou preso, Vânia revelou ao G1 que enfrentou dificuldades para conseguir emprego.

Durante a internação, o jovem chegou a receber treinamento para conseguir trabalhar assim que tivesse alta. Ele chegou a atuar como monitor dos demais internos na clínica de dependentes químicos em Mairiporã.

Recaídas
Recentemente, o jovem ganhou de presente um celular da equipe de terapeutas que cuidavam de seu tratamento. Apesar de ter gostado do equipamento, segundo os responsáveis pela clínica, ele acabou trocando o aparelho por drogas no dia 3 deste mês.

Segundo a psicóloga Marcela, a partir deste episódio o jovem passou a não responder mais ao tratamento e passou a pedir para deixar a clínica.

Em março deste ano, o jovem foi preso em flagrante por furtar desodorantes em um supermercado, em Mairiporã, na Grande São Paulo. A fiança de R$ 1 mil foi paga, e ele responde em liberdade.

O crime ocorreu por volta das 19h40, quando o jovem estava em um supermercado na Estrada Arão Sahm, no Jardim Nipon, em Mairiporã.

Segundo o boletim de ocorrência, o dono do estabelecimento informou que viu o rapaz colocando dois objetos dentro da calça. Ao sair do local, o comerciante abordou o jovem e descobriu que ele estava com cinco frascos de desodorante escondidos.

A Polícia Militar foi chamada e levou os envolvidos para a delegacia de Mairiporã, onde o caso foi registrado.

Em liberdade
O músico e tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 29 anos, conseguiu progressão da pena e está em regime aberto desde 25 de maio deste ano. Ele deixou a Penitenciária “Dr. José Augusto César Salgado” de Tremembé II, no interior de São Paulo, após a Justiça conceder alvará de soltura, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Maycon foi preso em 9 de junho de 2017 após tatuar a inscrição “ladrão e vacilão” na testa de um adolescente, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Ele e Ronildo Moreira de Araújo foram condenados pelo crime em 19 de fevereiro deste ano.

O advogado de Maycon, Marco Antônio dos Santos, disse ao G1 que “ele foi condenado pelo regime semiaberto e, como aguardou todo tempo encarcerado, ele já tinha atingido o limite do direito benefício de progressão de regime desde março deste ano. Agora, ele está em regime aberto.”

Segundo Santos, a liberdade de Maycon foi resultado da estratégia de não recorrer da recorrer da sentença, pois o andamento do processo seria mais rápido chegar à liberdade dele sem o recurso, mesmo que discordemos da decisão condenatória.”

No regime aberto, Maycon não pode se ausentar da cidade sem autorização judicial e tem horário para retornar para casa. “Ainda podemos progredir para o pedido de liberdade condicional. Ele está bem, está descansando a mente, por enquanto está trabalhando com a família. Ele é músico e pretende retomar o trabalho nessa área”, disse o advogado.

A decisão do juiz da 5ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo condenou Maycon a pena de três anos de reclusão em regime inicial semiaberto pelo crime de lesão corporal gravíssima e de quatro meses e 15 dias de detenção em regime inicial semiaberto pelo crime de constrangimento ilegal.

Ronildo Moreira de Araújo, 31 anos, foi condenado a três anos e seis meses de reclusão em regime inicial fechado pelo crime de lesão corporal gravíssima e de cinco meses e sete dias de detenção em regime inicial semiaberto pelo crime de constrangimento ilegal.

Fonte: G1

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