A Santa Casa de Maceió e a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) promoveram nesta quinta (22) e sexta (23) o 3º Seminário Nacional dos Hospitais Filantrópicos de Ensino.
Realizado no Centro de Estudos Lourival de Melo Mota, na capital alagoana, o evento foi aberto pelo provedor Humberto Gomes de Melo ao lado do presidente da CMB, Edson Rogatti, do provedor da Santa Casa de Porto Alegre, Alfredo Guilherme Englert, e do provedor da Santa Casa BH, Saulo Levindo Coelho.
No encontro, Edson Rogatti lembrou que as Santas Casas e hospitais filantrópicos respondem por mais de 50% dos atendimentos no SUS e que, por isso, precisam de um olhar diferente do novo governo para minimizar a dívida de R$ 21 bilhões que pesa sobre as 2.100 instituições que prestam esse serviço.
Para o provedor Humberto Gomes de Melo, as Santas Casas vêm assumindo o papel do poder público. “Por isso, precisamos receber a mesma atenção e recursos repassados aos hospitais públicos”.
Um dos casos citados no seminário foi o da Santa Casa de Porto Alegre, que registrou um prejuízo de R$ 147 milhões em 2017. “Já temos uma gestão profissional focada na excelência. A Santa Casa de Porto Alegre e de Maceió são exemplo disso. Agora precisamos apenas de uma remuneração justa”, disse o provedor gaúcho Alfredo Englert.
Já o provedor do Grupo Santa Casa BH, Saulo Levindo, foi além: “Temos conseguido fazer muito mais com menos recursos do que muitos hospitais públicos”, avaliou.
Conforme destacou o diretor administrativo e financeiro da Santa Casa de Maceió, Dácio Guimarães, o seminário permitiu a troca de experiências entre palestrantes e profissionais da Santa Casa de Maceió.
O diretor médico Artur Gomes Neto reforçou a questão do intercâmbio, lembrando que gestores de todo o País visitam a Santa Casa de Maceió em busca de “cases” de sucesso, sendo este evento mais uma oportunidade de interação.
Por sua vez, a gerente da Divisão de Ensino e Pesquisa Alayde Rivera lembrou que no seminário foram apresentadas iniciativas que fizeram a instituição ser reconhecida em todo o Brasil.
Área de Ensino da Santa Casa BH compartilha ‘cases’
A Santa Casa BH, maior grupo hospitalar de Minas Gerais, participou do 3º Seminário Nacional dos Hospitais Filantrópicos de Ensino compartilhando sua expertise na área de ensino e pesquisa. Representando o hospital, participaram das discussões Gonçalves de Abreu (diretor financeiro) e Rosa Malena Delboni (gerente de Ensino e Pesquisa).
A executiva Rosa Delboni destaca um dos principais desafios de sua área: fidelizar o corpo discente. Neste sentido, foram definidas diversas ações, desde um novo modelo de remuneração aos preceptores até a educação continuada dos interessados. Outra experiência exitosa é o curso de especialização médica, financiado pelo próprio aluno, que se tornou também uma fonte de receitas.
Falta de padrão em procedimentos tem impacto em custos
“A assistência hospitalar precisa seguir um padrão. A falta de padronização tem impacto direto nos custos do hospital, pois um mesmo procedimento, que não segue protocolos, acaba sendo realizado de formas diferentes, resultando em custos igualmente diferentes.”
O alerta foi apresentado por Dácio Guimarães, diretor administrativo e financeiro da Santa Casa de Maceió, no 3º Seminário Nacional dos Hospitais Filantrópicos de Ensino.
O executivo destaca a importância dos indicadores assistenciais e financeiros para que a gestão possa confrontá-los com os custos. Segundo ele, ao se identificar e se eliminar os focos de desperdício é possível atuar sobre os custos, mantendo a qualidade da assistência. “Transparência é tudo”, finalizou Dácio Guimarães.
SUS: complexidade em medir custos dificulta negociação
“O desconhecimento das Santas Casas sobre o real custo da assistência prestada aos pacientes tem prejudicado negociações com gestores da saúde e até mesmo ações judiciais contra o baixo financiamento. Um exemplo simples: as construtoras conseguem provar na Justiça a necessidade de se aditar contratos; já para um hospital é mais complicado devido à complexidade da atividade em si.”
Esse foi um dos destaques da palestra do superintendente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, José Luiz Spigolon. Segundo ele há uma lacuna entre a remuneração e os custos, daí a importância dos indicadores de desempenho para se tomar decisões, reduzir o desperdício e calcular os custos.
Santa Casa investe em inovação e em simulação realística
O palestrante Carlos André Maltese, da Santa Casa de Porto Alegre, apresentou no seminário duas iniciativas pioneiras no do País: o Centro de Simulação Realística Clínica e Cirúrgica e o Centro de Inovações.
O Centro de Simulação destina-se à formação profissional continuada de acadêmicos, residentes, médicos e demais profissionais da saúde, como os enfermeiros, num ambiente que simula o que as equipes irão encontrar no ambiente real hospitalar.
Já o Centro de Inovação é uma plataforma aberta para desenvolvimento de soluções, cuja atuação já atraiu inclusive investidores privados. Neste sentido, foi estruturado um fundo para financiar “startups” focadas em soluções para a saúde.