Política

Legislativo pede instalação de Centro-Dia para atender crianças com microcefalia

Em audiência pública, vereador Siderlane Mendonça anunciou que buscará junto à SMTT garantia de transporte gratuito para mães e criação de Fórum de Apoio às Famílias

Dicom / CMM

Vereador Siderlane Mendonça (PEN)

Atendimento básico a crianças com microcefalia foi tema de audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (3), na Associação Comercial de Maceió, em Jaraguá. O debate foi proposto pelo vereador Siderlane Mendonça (PEN) e reuniu profissionais da saúde ligados à temática, dirigentes de entidades de classe, associações e a população, sobretudo de familiares de crianças com microcefalia. Durante o encontro, foram proferidas palestras sobre o problema e apresentadas medidas que vêm sendo adotadas pela gestão pública estadual e municipal.

Siderlane Mendonça informou que vai tentar marcar uma audiência com o secretário municipal de Saúde, Thomaz Nonô, o mais rápido possível, para saber que tipo de assistência vem sendo dada às famílias e pleitear a instalação na capital de um Centro-Dia de Referência para Pessoa com Deficiência, além de buscar junto à SMTT a possibilidade de doar uma van para fazer o transporte das mães e suas crianças com microcefalia.

“Vamos aguardar também para saber quem será o secretário estadual de Saúde para a gente tentar uma agenda com ele e uma reunião ainda com a Secretaria Municipal de Assistência Social. Outra iniciativa será a criação de um fórum de apoio permanente às famílias, que deverá se reunir pelo menos uma vez por mês”, informou o parlamentar.

Segundo ele, a proposta da audiência nasceu de uma visita à Associação das Famílias de Anjos do Estado de Alagoas (Afaeal), localizada no Conjunto Paulo Bandeira, no bairro Benedito Bentes, e que trabalha na assistência às mães de bebês e crianças com microcefalia. “Nessa visita, tive a oportunidade de conhecer esse trabalho belíssimo desenvolvido na comunidade. Diante desse desafio, o que vemos é a falta de assistência às famílias, que não têm apoio necessário. Foram investidos milhões nas pesquisas, mas as famílias continuam desassistidas”, disse o parlamentar.

O vereador citou ainda uma outra experiência que teve ao conhecer na cidade de Campo Grande (MT) o primeiro Centro-Dia, que atende crianças com microcefalia e garante assistência às famílias.

AÇÕES

Infectologista e superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Mardjane Lemos Gomes, fez uma explanação sobre as ações desenvolvidas pelo governo estadual, por meio da Sesau, no enfrentamento do zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que causa a dengue, e considerado um ameaça à saúde pública mundial.

“Sabemos que ainda há muito a descobrirmos sobre esse vírus zika, que é assintomático. A cada 100 pessoas apenas 20 vão ter sintomas, as outras 80 vão passar despercebidas”, afirmou.

Ela citou entre outras ações a atualização do protocolo de vigilância, assistência e prevenção, oferta regular de exames laboratoriais para diagnóstico pelo Lacen, reativação das unidades sentinelas para captação das amostras, e transporte regular para Maceió pelo Lacen. “A descentralização e regionalização da assistência são fundamentais. É extremamente cruel uma mãe se deslocar para Maceió semanalmente para fazer o acompanhamento do seu filho. Descentralização é um dos princípios do SUS”, disse.

APELO

Presidente da Associação das Famílias de Anjos de Alagoas, Alessandra Hora dos Santos agradeceu ao vereador Siderlane Mendonça e entregou um documento contendo os problemas enfrentados pelas mães das crianças com microcefalia, entre eles, a falta de médicos especializados, de remédios, tanto na farmácia do Estado, a Farmec, quanto nos postos dos municípios. “Temos ainda problemas com centros de reabilitação superlotados. Queremos ter acesso através da rede SUS a outros centros. Que os poderes públicos tenham mais responsabilidade conosco e os gestores mais atenção com as crianças afetadas pelo zika”, disse, ao relatar mortes por falta de medicação.

“Pedimos também que os profissionais tenham mais humanidade. Às vezes essas crianças têm imunidade muito baixa e o médico passa antibiótico, que de tanto tomar a criança não reage mais. O que falta é se colocar no lugar do outro. Não tinha noção do que é a microcefalia, mas por amor ao meu neto tomei a posição de criar a associação. As mães sofrem com problemas psicológicos. Tem que ter uma política voltada para o cuidador e uma política básica voltada para a crianças”, declarou.