O Instituto de Criminalística de Alagoas (IC) implantou em novembro deste ano, um novo setor especializado em perícias de acidentes de trânsito. A iniciativa tornará os exames nesta área mais eficientes e os laudos mais robustos.
Uma necessidade antiga do órgão, o setor foi idealizado pelo atual chefe de perícias externas, perito criminal Victor Cavalcante, e viabilizado pelo chefe especial do IC, Wellington costa. Atualmente, acidente de trânsito é a segunda maior causa de acionamento do IC para perícias de morte violenta.
Victor Cavalcante explicou que o grupo é composto por sete peritos criminais, todos com formação em áreas exatas, como física, engenharia civil e engenharia elétrica. Antes, apenas o perito de local, independente de sua formação, era responsável por fazer todo o trabalho.
Agora, quando o IC é acionado para periciar local de acidente de trânsito, um desses sete peritos especializados desloca-se até o local e realiza os primeiros levantamentos. Essas informações são levadas para o setor, onde o grupo analisa em conjunto para elaborar as considerações técnicas pertinentes, ordenar a dinâmica do acidente e sua causa determinante.
Alguns novos exames e metodologias também estão sendo implementados pela equipe, o que auxiliará no esclarecimento dos acidentes de trânsito periciados. Entre as novidades estão os escaneamentos de veículos e via, extração de dados do módulo airbag, estudos de transposição de tinta, configuração e localização das avarias dos veículos envolvidos no sinistro.
“Quando se trabalha com a ciência, a especialização é uma necessidade fundamental, o perito não generalista tem que conhecer cada vez mais sobre cada vez menos áreas, isso é perícia criminal em sua essência, a busca pela verdade através de meios científicos”, afirmou Cavalcante.
Um dos casos que está sendo analisado pelo grupo ocorreu em outubro deste ano, na Av. Assis chateaubriand em Maceió, quando uma picape colidiu com mais três carros e duas motos, deixando uma vítima fatal. Com o apoio da fabricante de um dos veículos, foi possível extrair os dados do módulo do airbag, sendo possível determinar a velocidade exata que o veículo causador do acidente estava trafegando antes da colisão.
“Neste mesmo caso, foi realizado o escaneamento em 3D da via, o que possibilitou a digitalização do ambiente em escala real, facilitando sobremaneira a análise da posição de cada veículo nos momentos que antecederam a colisão e nos momentos seguintes a ela. O escaneamento também foi realizado no veículo, onde foi possível determinar a amplitude das deformações, e assim, consequentemente, a energia cinética necessária para causa-las,” explicou o perito, confirmando que o laudo desse caso será entregue no final de janeiro de 2019, após finalização dos estudos.