Após mais de sete horas de debates, apresentação de gráficos, dados preliminares e explicações, os moradores do bairro do Pinheiro que acompanharam com grande expectativa a audiência pública convocada pelo senador Rodrigo Cunha (PSDB) viram seus temores amplificados. Segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Moisés Melo, todo o Pinheiro está na área vermelha, diferente do mapa de feições divulgado e considerado até então, que apontava áreas vermelha, laranja e amarela.
Já o diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, Victor Bicca, foi taxativo ao afirmar que a movimentação tectônica registrada no Pinheiro foi acelerada por ações do homem (deficiência na drenagem de águas pluviais, exploração mineral e falta de saneamento).
Entre os órgãos convocadas a prestar esclarecimentos à comissão estavam CPRM, Braskem, ANA e MPF. Estiveram presentes deputados estaduais e federais, vereadores, Ministério Público Estadual, além de uma comissão do movimento SOS Pinheiro, representando os moradores do bairro.
O representante da Braskem voltou a afirmar que a indústria não possui poços ativos atualmente na região do Pinheiro, mas não informou se operaram anteriormente ou por quanto tempo. O representante da mineradora confirmou que concluiu o levantamento de dados na última sexta (15) e passa agora a compilar e analisar informações obtidas para divulgá-las em até 45 dias.
A Companhia de Saneamento e Abastecimento de Alagoas (Casal), por sua vez, informou que os estudos realizados pela companhia não apontam interferência direta no fenômeno e que o órgão está providenciando a mudança na tubulação da região, além de otimização do consumo nas áreas já evacuadas.
Já a representante do Ministério Público Federal formalizou o questionamento sobre a alteração das áreas de risco no bairro, para a partir daí adotar medidas de suporte socioeconômico às famílias.
A deputado Jó Pereira defendeu a decretação do estado de calamidade pública como forma de assegurar que União, Estado e Município atuem de forma articulada e centralizada, além de permitir que moradores e comerciantes consigam obter benefícios de maneira mais célere.
O senador Rodrigo Cunha, proponente da audiência, defendeu a federalização da questão do Pinheiro, com a formação de uma comissão de senadores para atuar junto aos órgãos federais visando à preservação das vidas e à adoção das medidas para assegurar a remoção dos moradores.