A partir desta segunda-feira (1°), mais de 40 testemunhas de defesa devem ser ouvidas no fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
A Justiça volta a ouvir depoimentos de testemunhas no processo que investiga a morte do jogador Daniel Correa, morto em outubro de 2018, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
A partir desta segunda-feira (1°), mais de 40 pessoas devem prestar depoimento sobre o caso.
Para esta segunda fase do processo, foram reservados quatro dias para ouvir os depoimentos da testemunhas de defesa. Depois disso, começam os depoimentos dos sete réus.
São réus no processo: Edison Brittes, que confessou ter matado o jogador, Cristiana Rodrigues Brittes, esposa de Edison, Allana Emilly Brittes, filha do casal, além de Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, Ygor King, David Willian Vollero Silva e Evellyn Brisola Perusso.
Após todos os depoimentos, a Justiça vai analisar as alegações finais da defesa e da acusação, e só então definirá se os acusados vão ou não a Júri Popular.
Relembre o caso
Daniel foi morto após participar da festa de aniversário de Allana Brittes, que começou em uma boate e terminou na casa da família.
A defesa de Edison afirma que Daniel tentou estuprar Cristiana e defende que o réu matou o jogador para defender a mulher. Segundo a investigação, Daniel tirou fotos ao lado de Cristiana, no quarto do casal, antes do crime. De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, não houve tentativa de estupro.
Seis dos sete réus estão presos desde novembro. Evellyn Perusso, acusada de falso testemunho e denunciação caluniosa é a única que responde ao processo em liberdade.
Primeira fase de depoimentos
Em fevereiro, testemunhas de acusação prestaram depoimento à Justiça, no fórum de São José dos Pinhais. Entre elas, cinco pessoas que não tiveram os nomes revelados, são consideradas testemunhas sigilosas.
Os depoimentos foram de jovens que estavam na comemoração do aniversário de 18 anos de Allana Brittes, em uma casa noturna, e que depois esticaram a comemoração na casa da família Brittes.
Eles contaram que as agressões a Daniel começaram no imóvel, depois de Edson Brittes flagrar o jogador na cama ao lado de Cristiana Brittes, e que Daniel pediu para não morrer.
Uma testemunha falou sobre uma frase que Cristiana teria dito para a filha enquanto Daniel era agredido.
Outra testemunha também citou uma frase parecida, mas disse que Cristiana usou a palavra “matar”.
Em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, foi ouvida uma adolescente que conversou com o jogador pouco antes dele ser morto. A jovem disse que precisou usar o banheiro do casal, na suíte de Edison e Cristiana, e quando estava lá, Daniel chegou.
“Alguém entrou no quarto, eu achei que era o marido dela, o Junior, o Edison, daí eu falei ‘não entra, tô no banheiro, espera aí, primo’. E ele continuou vindo, e eu falei ‘cara, não vem’. E continuou vindo. E daí não era ele, era o Daniel. Parou na porta do banheiro e ficou olhando. Eu falei ‘o que você tá fazendo aqui? A festa é lá fora'”, disse a adolescente na audiência.
Ainda no depoimento, a adolescente afirmou que o jogador disse a ela que também precisava usar o banheiro.
“Eu falei ‘não, o que vão pensar se pegarem você aqui dentro do quarto do casal, com a guria dormindo?’. Ele falou ‘não, estou totalmente ciente que você tem namorado, você já me disse, e eu sei que ela é casada’. Eu falei ‘então tudo bem’. Ele falou ‘Eu só preciso usar o banheiro e eu vou sair’. Eu falei ‘então está bom, quando você sair, fecha a porta do quarto, estava fechada a porta’”, contou a adolescente.
Depoimentos de mãe e tia
Também prestaram depoimento, na condição de informantes, a tia e a mãe do jogador Daniel.
Eliana Correa pediu para ficar frente a frente com os sete réus, incluindo o assassino confesso do filho dela, na sala de audiência.
Ela contou que Allana Brittes, mesmo sabendo o que tinha acontecido com filho dela, mandou mensagens oferecendo ajuda e lamentando a morte do rapaz.
“E ela pegou e mandou uma carinha de choro: ‘Não acredito’. Ela falou uma frase assim, cheia de carinha chorando”, disse a mãe do jogador na época.
Na primeira fase de depoimentos, também foi ouvido o delegado que cuidou das investigações e dois policiais que estiveram na casa e no local onde o corpo de Daniel foi encontrado.
Foram três dias de audiências. Edson Brittes Junior, a mulher dele, Cristiana, e a filha, Alana, além dos outros quatro réus acompanharam os depoimentos.
Veja a lista com sete réus no processo e os respectivos crimes
O que dizem as defesas
A defesa da família Brittes afirmou que acredita que todos os fatos serão devidamente esclarecidos nas novas audiências.
A defesa de Evelyn Brisola Perusso disse que a jovem foi testemunha dos fatos, não tendo qualquer participação na morte do jogador Daniel, e que sua inocência será comprovada no processo.
A defesa de Eduardo da Silva afirmou que vai provar que o jovem participou unicamente das lesões corporais realizadas na casa da Família Brittes e que não contribuiu com qualquer ação na morte de Daniel.
O G1 tenta contato com as defesas de Ygor King e David William da Silva.