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Polícia prende suspeita de aplicar golpe e acusar Padre Marcelo Rossi de plágio

Izaura de Mello em foto com o padre Marcelo Rossi em um evento sobre o livro Ágape — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na manhã de quinta-feira (9), Izaura Garcia de Carvalho Mendes, de 65 anos, suspeita de praticar estelionato ao aplicar um golpe milionário no padre Marcelo Rossi.

Uma investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPim), da Polícia Civil, mostra que Izaura fraudou o registro de um texto e, em processo na Justiça, alegou que o padre o copiou e o usou sem dar crédito no livro “Ágape”.

O livro vendeu 10 milhões de exemplares entre 2010, quando foi lançado, até abril deste ano, quando foi retirado de circulação por uma decisão judicial movida por ela. Em 2013, Izaura fez um acordo com a Editora Globo e recebeu R$ 25 mil numa primeira ação.

Em uma nova ação contra a editora do livro, que manteve na obra o trecho que Izaura diz ser seu, a Justiça determinou, em 11 de abril passado, a proibição de venda do “Ágape” e o recolhimento de todos os livros que estão no mercado. Agora, o pedido de Izaura é por uma indenização de R$ 51,6 milhões.

Questionada sobre a suspeita de que o registro do texto foi forjado, Izaura respondeu ao delegado Maurício Demétrio: “Eu não tenho a dizer nada, porque foi o (documento de autoria do texto) que eu recebi lá na época”.

A polícia suspeita que duas advogadas, também presas, auxiliaram a mulher na possível fraude. O processo tramita na Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de Rio.

Procurado pela equipe de reportagem, o Padre Marcelo não quis gravar entrevista mas informou que perdoa Izaura.

Caso iniciado há sete anos
Em 2012, Izaura entrou com uma ação na Justiça em que relatava que uma de suas obras, o poema “Perguntas e respostas – Felicidade! Qual é?” foi utilizado indevidamente no livro “Ágape”, publicado em 2010, pela Globo Livros, sem sua autorização.

A citação no livro é atribuída à madre Teresa de Calcutá. Izaura diz que foi feito por ela.

Dentre os documentos anexados por ela no processo está um Certificado de Registro ou Averbação da Fundação Biblioteca Nacional – Ministério da Cultura. Sob o número 100.928, livro 145, folhas 3, 4, 5, indicando que o texto é seu.

Em agosto de 2018, Izaura entrou com uma queixa-crime contra Marcelo Rossi e a editora na Delegacia Antipirataria, da Polícia Civil. O delegado Maurício Demétrio oficiou a Fundação Biblioteca Nacional requisitando os documentos originais.

A polícia, então, descobriu que não consta na Biblioteca Nacional qualquer texto registrado sob o título ‘Felicidade! Qual é? Crônicas e Poesias’, que Izaura diz ser seu.

O número apresentado por ela refere-se à obra “Por todo o amor que houver nesta vida”, de 18 de agosto de 1995, de autoria de Tatiana Cristina Medeiros dos Santos.

“Ou seja, a ação indenizatória na Justiça está baseada numa fraude e este documento falsificado fez com que o juiz desse a liminar mandando recolher os livros”, afirmou o delegado Maurício Demétrio.

Igor Calaça Martins, coordenador do escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional, encaminhou à polícia um laudo mostrando várias fraudes no documento apresentado por Izaura.

Nesta quinta, Izaura foi chamada a depor na delegacia. Diante do delegado respondeu que não sabe falsificar documentos e que mostrou toda a documentação às advogadas.

“Só sei datilografar”, disse.

Após a afirmação, o delegado Maurício Demétrio prendeu Izaura e as duas advogadas.

Depois, a polícia fez buscas na casa de Izaura, no bairro do Rio Comprido, na região Central do Rio, onde apreendeu documentos que podem auxiliar nas investigações.