Um homem, identificado como André Luiz, mantém a mulher Luciana Arminda, de 45 anos, e os dois filhos gêmeos, de 11 anos, reféns desde as 20h de terça-feira no edifício onde moram na Rua Cerqueira Daltro, em Cascadura, na Zona Norte do Rio. Segundo um policial militar que está no local, o suspeito é um tenente-coronel do Exército.
Pouco antes das 7h desta quarta, um casal entrou no prédio após conversar com policiais. Ainda não há informações se essas pessoas são parentes ou não do militar ou da mulher dele.
Policiais militares, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC), atiradores de elite e militares do Exército estão no local e isolaram o prédio para negociar a liberação das vítimas. Durante a madrugada desta quarta-feira, uma psicóloga e uma major da PM também participaram da negociação. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) está no local.
Um vizinho que preferiu não se identificar disse que, horas antes da movimentação dos policiais no local, a mulher gritava por ajuda enquanto era agredida.
— A situação aqui é muito tensa. Ele sacou uma arma e está ameaçando a mulher e os filhos. Ele já tem histórico aqui no prédio de brigar com a esposa. Vizinhos já o viram agredindo a mulher — disse.
Outra testemunha contou que, ao ouvir os gritos, moradores procuraram a portaria do prédio, que acionou a polícia. Segundo ela, o motivo da briga entre o casal seria uma suposta traição da esposa.
— Ela começou a gritar. Depois disso, uma vizinha ligou para a portaria, que acionou a polícia. O motivo das brigas seria uma possível traição dela — contou o homem, que também não quis se identificar.
O subcomandante do Bope, que está à frente da ação, afirmou que a operação requer cuidados, mas que todos os procedimentos necessários para a proteção dos reféns estão sendo realizados.
— Desde as 20h existe uma ação da polícia para esse caso. Toda a estrutura de gerenciamento de crise está feita, inclusive com bombeiros de prontidão.
Ameaças há pelo menos um ano
A professora Cintia da Costa, amiga de Luciana, disse que o militar ameaçava a mulher há pelo menos um ano.
— Ela tem muito medo dele. Luciana já vinha reclamando que ele já brigava com ela há muito tempo. Ele era truculento. Ameaçava. Não a deixava sair sozinha com os dois filhos, apenas com um deles, para evitar que ela fugisse de casa. Ele era um lobo na pele de um cordeiro — contou Cintia.
Cintia disse ainda que Luciana, que é professora de educação especial em uma escola do município em Piedade, também na Zona Norte, é uma pessoa muito alegre mas estava “perdendo a felicidade”.
— Eu disse várias vezes para ela o denunciar, mas ela tinha medo. Ela já tentou buscar ajuda, mas foi avisada que não iria adiantar denunciar ele.
De acordo com o cunhado de Luciana, a professora chegou a denunciar André para a Delegacia da Mulher, mas não se separou por medo.
— Luciana tem muito medo dele. Já chegou a denunciar ele, mas a delegada orientou a não tomar nenhuma providência até o processo ser consolidado. Ela não pediu a separação por temer o marido.