Nutricionista alerta para hábitos de consumo e traz dicas.
Um dado preocupante e que reflete uma característica brasileira: cada pessoa desperdiça mais de 41 quilos de alimentos por ano. É o que revela o levantamento realizado com 700 famílias pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No total são quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico, ou seja, restos de alimentos e isso representa quase 50% de todo o lixo recolhido em todo país. A falta de consciência, o desconhecimento das propriedades nutricionais dos alimentos e também a questão cultural fazem com que muita comida seja jogada fora em um país onde muitos ainda passam fome.
São vários hábitos que levam ao descarte desenfreado. Tudo começa na hora de se servir uma refeição, ao colocar comida a mais no prato, que vai além da saciedade. Na opinião da nutricionista Flávia Leis, o erro na técnica de preparo também conta. “Tem a questão da falta de consciência no momento do preparo. Às vezes, na hora de descascar uma cebola, por exemplo, em vez de tirar aquelas tampas superiores e uma pequena camada de casca, fazem um descarte de uma parte maior sem necessidade”.
Outros erros comuns: comprar alimentos em excesso e armazená-los inadequadamente, pois dependendo da região onde o consumidor reside, o alimento pode, no caso de vegetais, frutas, legumes, verduras, ficar fora ou dentro da geladeira.
Um caminho para evitar o desperdício é o reaproveitar os alimentos. Flávia, que também é professora de pós-graduação da Estácio, prefere o termo ‘aproveitamento integral dos alimentos’. “Acho que também existe um preconceito em relação ao termo reaproveitamento. As pessoas pensam que vão comer somente as cascas, talos ou sementes em separado. Na verdade, a gente pode fazer o aproveitamento integral, dependendo do alimento, de todas as suas partes”, explica a docente que leciona no curso de Vigilância Sanitária e Qualidade de Alimentos.
Um dos alimentos indicado pela nutricionista que pode ser consumido integralmente, a polpa e a casca, é a abobora. A indicação é “lavar bem com uma buchinha com detergente, enxaguar bastante e cozinhar. No final do preparo, a casca fica bem molinha e fácil para consumo”, sugere.
Mesa Brasil SESC
Sabe aquelas frutas machucadas no supermercado e nas feiras que ninguém quer? Mesmo com aspecto não muito atraente podem estar boas para o consumo. E quem aceita e aproveita é o Mesa Brasil SESC, uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome e o desperdício. O objetivo é, ao receber as doações de alimentos de empresas do ramo alimentício, instituições e voluntários, contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas em situação de pobreza.
De acordo com os últimos dados do Mesa Brasil, 17.467.653 kg de alimentos já foram distribuídos e 1.494.557 pessoas são atendidas por dia. A iniciativa aceita doações de frutas, legumes e verduras, frios e laticínios, pães e massas, carnes e derivados, entre outros.