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“Preciso de emprego”. Desemprego no Brasil faz advogado ir as ruas com uma faixa pedindo oportunidade

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Ter a qualificação adequada, disposição para novos desafios e estar preparado para realizar sonhos profissionais e pessoais. Essas características fazem parte do perfil de muitas pessoas que se encontram na situação de desemprego e não conseguem uma colocação no mercado de trabalho. A realidade vivida é demonstrada em números pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) com 13,2 milhões de pessoas desocupadas.

A estatística da PNAD Contínua foi analisada nos períodos móveis em 2018/2019 (novembro, dezembro, janeiro; fevereiro, março e abril etc). Já no último estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil ficou em 12,5% no trimestre de fevereiro a abril. Outro dado preocupante se refere ao número de pessoas desalentadas, ou seja, que desistiram de procurar emprego. O índice teve aumento de 4,3%, mais de 202 mil pessoas em relação ao trimestre anterior.

Na contramão do desalento, resistindo às dificuldades para conseguir uma vaga no mercado de trabalho, Wítalo Cruz, 26 anos, é graduado em direito, já possui a carteira da OAB e têm experiências na área mas está desempregado desde janeiro deste ano. Por conta de poucos retornos dos currículos enviados sem nenhuma proposta de entrevista, teve uma ideia inusitada: passou um dia, de terno e gravata, segurando uma faixa com um pedido de emprego e divulgando as suas experiências, em frente ao Brasília Shopping, um dos locais mais movimentados da capital do Distrito Federal.

“Devido a tristeza de não receber o retorno dos lugares onde eu entregava currículo, veio a ideia da faixa. Na minha mente eu pensava: através da faixa um número maior de escritórios e empresas saberão que estou precisando de emprego e, pelo menos, irão me chamar para uma entrevista e as oportunidades virão”, conta o profissional.

A iniciativa, um tanto desesperada por conta das dívidas que se acumulam, começou a funcionar! As pessoas que passaram pela avenida W3 Norte, que é bastante movimentada, tiraram fotos que viralizaram na internet. Escritórios e empresas começaram a entrar em contato com Wítalo para marcar entrevistas. Para ele já foi um

significativo avanço ter a oportunidade de se apresentar para o mercado de trabalho, falar sobre seu perfil profissional e das suas experiências em trabalhos anteriores.

Mesmo com os dados desanimadores da PNAD Contínua e do IBGE, um indicador traz a possibilidade de dias melhores para Wítalo e boa parte da população brasileira. A geração de empregos com carteira assinada, que, após quatro anos esteve em queda, subiu para 1,5% em relação ao mesmo período de 2018, com a geração de 480 mil postos de trabalho, totalizando 33,1 milhões de pessoas empregadas no setor privado.

O advogado acredita que esse cenário vai melhorar, não só para ele mas para todos que se encontram nessa situação. E assim que conseguir um emprego já tem prioridades. “A prioridade vai ser pagar as contas que estão atrasadas, com fé em Deus! ”, completa Wítalo que já pensa em adquirir mais conhecimentos: “Irei fazer pós-graduações e me aperfeiçoar e crescer na área a qual me formei. ”

O mercado de trabalho

Wítalo conta que durante a graduação na Universidade Católica de Brasília (UCB) estagiou no Tribunal de Justiça do DF, Câmara dos Deputados, Defensoria Pública da União e Conselho Federal de Medicina. Após receber a carteira da OAB trabalhou em um escritório e, posteriormente, no Governo do Distrito Federal onde possuía um cargo comissionado.

Mesmo que o currículo do advogado tenha referências de órgãos públicos importantes, a analista de Recursos Humanos Tamires Assis, pontua que o mercado de trabalho vem sofrendo variações em consequência da crise econômica nos últimos anos, o que reflete na escolha do profissional. “As empresas têm buscado cada vez mais profissionais multipotenciais, que sejam capazes de serem mais com menos.  A depender da segmentação e área, os especialistas ainda têm espaço no mercado e são fundamentais para determinadas atividades”.

Outro ponto destacado por Tamires é a demanda versus oferta. Quanto mais concorrentes disponíveis no mercado, menor é o salário. “Lembrando que isso depende dos setores e cargos”, ressalta. A especialista dá algumas dicas importantes para quem está precisando preparar o currículo: organizar as informações de forma cronológica e por “seção” (formação acadêmica; cursos; experiências; idiomas e etc) facilita a leitura do recrutador; escrever de forma objetiva, mas não deixar de colocar o que é essencial, que são atribuições de grande relevância na sua área de atuação, ditas como palavras chaves. Já na entrevista: demonstrar vitalidade e desejo de assumir aquela posição. Buscar valorizar todas as suas competências e resultados e, quando expor os erros, destacar o aprendizado obtido. É importante também expressar identificação com os valores da empresa e demostrar que os possui por meio de exemplos práticos.

 

 

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