Dois consultores do Senado avaliam que seria favorecimento indevido de parente por parte de agente público.
Um parecer técnico do Senado considera que haveria nepotismo na indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador.
O presidente Jair Bolsonaro ainda não encaminhou, formalmente, o nome do filho, deputado Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Mas já disse, mais de uma vez, que essa é a sua intenção e que aguarda a avaliação que o próprio filho está fazendo para saber se o nome dele tem apoio no Senado.
“Ele que está andando no Senado. Ele que vai sentir o momento para encaminhar”, disse o presidente na quinta-feira (15).
O presidente já recebeu o “agrément”, o sinal verde do governo americano, para fazer a indicação do filho. Eduardo Bolsonaro completou recentemente a idade mínima exigida para o cargo de embaixador, 35 anos.
Se o presidente for mesmo indicar Eduardo Bolsonaro, ele passará por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores. Depois, o nome será submetido à votação no plenário. E aí Eduardo Bolsonaro vai precisar dos votos de metade mais um dos senadores presentes. Mas ainda há dúvidas se a indicação do filho para o cargo de embaixador seria juridicamente possível ou se seria nepotismo.
No parecer do dia 13 de agosto, feito a pedido do senador Alessandro Vieira e revelado pelo jornal O Globo, dois consultores do Senado avaliam que sim, seria favorecimento indevido de parente por parte de agente público.
Eles analisam aspectos jurídicos, históricos e dizem que “o nepotismo e o filhotismo são manifestações do patrimonialismo, fenômenos observáveis desde os primeiros tempos da colonização do Brasil”.
Lembram que, em 2008, o Supremo Tribunal Federal editou uma súmula proibindo o nepotismo, que inclui parentes de até terceiro grau. E que o Supremo tem entendimento de que a súmula que proíbe o nepotismo não se aplica a casos de nomeação para cargos políticos.
Mas os técnicos dizem que embaixador não tem atuação independente nas relações com outro país, portanto é “inconcebível qualificar o cargo de embaixador como político”.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad, do PSD, disse que este não é o único parecer sobre o assunto no Senado e que há outros que dizem que a indicação não configura nepotismo.
O Palácio do Planalto não quis se manifestar.