Política

Audiência pública define encaminhamentos para Plano Estadual de Políticas para Mulheres

Regionalização da Patrulha Maria da Penha está entre as propostas elencadas

“Um plano estadual de direitos precisa estar no orçamento, precisa estar no PPA. Mostrar a força da mulher é uma missão institucional na Casa”, destacou a deputada Jó Pereira, nesta segunda-feira (30), durante a audiência pública que discutiu e validou o primeiro Plano Estadual de Políticas para as Mulheres de Alagoas. A parlamentar defendeu a necessidade de ampliação do orçamento da Semudh, por meio do remanejamento de recursos, e afirmou que a ideia é que o plano discutido na Casa seja elaborado em forma de projeto de lei.

Entre os encaminhamentos oriundos da audiência, ficaram definidos: implantação de mesa de situação; formulação de projeto de lei para aplicação de multas pecuniárias aos agressores; acolhimento das mães de pessoas com deficiência em todas as ações e políticas; atendimento às mulheres vítimas de violência nos Cisps; garantir a participação feminina no Conselho Estadual de Segurança Pública; inclusão produtiva; especificação do cuidado com idosas nos eixos do plano; regionalização da Patrulha Maria da Penha; construção de indicadores e monitoramento para avaliação do plano; inserção de propostas no PPA e articulações de emendas parlamentares; e cofinanciamento do estado para a Casa Abrigo da capital.

Jó Pereira explicou que agora a Semudh irá finalizar o plano e publicar no Diário Oficial. Em seguida, a Comissão da Mulher da Casa fará o trabalho de atrelamento dessa publicação com o Plano Plurianual (PPA), para garantir recursos orçamentários para cada política pública proposta.

Na audiência proposta pela Comissão da Criança e Adolescente, Família e Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa, em parceria com a Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) e com o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedim), a superintendente de Políticas para Mulheres da Semudh, Dilma Pinheiro, apresentou o plano que visa atender um arcabouço de demandas apresentadas pelo conjunto de movimentos de mulheres e organizações da sociedade civil, imprimindo às suas necessidades o caráter de Política Pública de Estado.

Dividido em quatro eixos, o plano estabelece desde o financiamento de projetos e programas de formação política que contemplem o recorte de gênero, raça, etnia, diversidade sexual até a implementação de políticas de promoção à saúde.

Em sua fala, a secretária da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), Maria José, destacou a importância da Bancada Feminina da Casa e do plano em discussão, pontuando a necessidade de um olhar mais atento para as mulheres das comunidades, favelas, para as ciganas, quilombolas, ribeirinhas, marisqueiras, entre outras: “Tenho certeza que esse plano terá esse olhar diferenciado para quem mais precisa”, avaliou.

Olga Miranda, presidente do Cedim, completou que o plano é um material importantíssimo para realização de políticas públicas efetivas para as mulheres e a própria lei Maria da Penha determina que o Poder Público e a sociedade se unam para realizar a efetivação dessas políticas.

Políticas públicas

Luciana Santana, professora doutora em Ciências Políticas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), apresentou o mecanismo de monitoramento e avaliação de políticas públicas, frisando que a elaboração dessas políticas é um momento extremamente importante e Alagoas tem assumido esse protagonismo por meio da Bancada Feminina da Casa.

“As políticas públicas para mulheres sempre foram decididas por homens, por isso ainda precisamos avançar muito, daí a importância da participação das mulheres para construção dessas políticas”, disse Luciana, lembrando que sem fiscalização nenhum plano vai se efetivar e obter os resultados esperados: “É preciso que os parlamentares tenham em mente que precisam acompanhar de forma assídua esse processo de formação de políticas públicas… É necessário que tenhamos a participação social permanente e contínua”.

Ex-presidente do Cedim, a feminista, assistente social e mestra em Sociologia, Ana Pereira, expôs uma análise da conjuntura e das políticas para as mulheres. Ela cobrou a construção de casas de passagens para mulheres vítimas de violência doméstica, lembrando que a Casa da Mulher Brasileira é uma demanda discutida desde os anos 90.

“Todo ano o governador promete a construção das casas de passagens, mas elas continuam inexistentes. Quanto custa uma vida? Quanto custa a vida de uma mulher que é vítima de violência, que não tem para onde ir? Lembro que durante anos Alagoas foi o estado que mais matou mulheres e o terceiro que mais violentou. Quantos casos de violência contra mulher realmente têm punição? É necessário para além do encarceramento, provocarmos reflexões sobre a punição desses agressores”, analisou.

Entre as inúmeras mulheres que ocuparam a tribuna durante a audiência, a presidente da Associação dos Anjos, Alessandra Hora, pontuou a necessidade de políticas voltadas às mães de pessoas com deficiência: “Existe um plano para a pessoa com deficiência, mas ele não contempla as mães que vivem diariamente para seus filhos. Peço que vocês tenham um olhar para essa cuidadora da pessoa com deficiência. É necessário também políticas de amparo para as mães de crianças com deficiência”.

Eliane Santos, presidente Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), destacou a postura da deputada Jó em defesa dos mais vulneráveis e menos favorecidos e pediu que a Casa provoque a construção do Fundo de Erradicação à Pobreza no Estado.

Participaram também as deputadas Cibele Moura, Ângela Garrote, Flávia Cavalcante e Fátima Canuto; a secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), Maria José; presidente do Conselho Estadual do Direito da Mulher (CEDIM), Olga Miranda; Paula Lopes, representando OAB e o Centro de Defesa dos Direitos das Mulheres (CDDM); Fabiola Marques, vereadora de Delmiro Gouveia; Eliane Silva, presidente Nacional do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); Major Daniele Assunção, comandante da Patrulha lei Maria da Penha; Ana Paula Mendes, representando o deputado federal JHC; Julia Mendes, presidente da AME; Luiza Jaborandi, do IFAL; Tatiana Pereira, representante do Conselho de Psicologia e representante do deputado federal JHC.