Saúde

Santa Casa de Maceió discute Cuidados Paliativos em seu VI Congresso Multidisciplinar

Santa Casa de Maceió

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Com 168 anos de prestação de serviços à população, a Santa Casa de Misericórdia de Maceió promoveu, de 28 a 30 de novembro, seu sexto Congresso Multidisciplinar. Para discutir o tema “Doenças Crônicas – Da prevenção aos Cuidados Paliativos”, a Divisão de Ensino e Pesquisa da instituição convidou três especialistas nacionais e profissionais que compõem o quadro clínico da instituição.

“Para mim, é como se o primeiro congresso tivesse sido ontem. Antigamente era apenas Congresso Médico, hoje ele é multidisciplinar e tem uma aceitação imensa da sociedade. O tema despertou o interesse de toda a sociedade, principalmente, pelo trabalho que a Santa Casa de Misericórdia vem fazendo nos últimos anos com pacientes de câncer, que são os que precisam mais desse tipo de atenção. Tenho certeza de que todos os que participaram do evento saíram mais enriquecidos”, disse o provedor da instituição, Humberto Gomes de Melo.

Formado por estudantes e profissionais da área da saúde, 460 participantes marcaram presença no Centro de Convenções do Hotel Jatiúca. “É um tema moderno, pois modifica a ideia de que a paliação era para paciente que estava para morrer, e os cuidados paliativos vão muito além disso. Eles significam cuidado com carinho em pacientes crônicas, de difíceis tratamentos (diabetes, insuficiência renal e hepática, por exemplo), e com doenças incuráveis. Eles dão qualidade de vida a esses pacientes, traçando um perfil de modo que ele possa entender a doença que o está acometendo”, destacou o diretor médico da Santa Casa de Maceió, Artur Gomes Neto.

No dia 28 de novembro, como atividade pré-congresso, aconteceu o II Simpósio de Prevenção de Lesão por Pressão da Santa Casa de Maceió. Já nos dias 29 e 30 de novembro, durante o congresso, foram abordados temas como: “O que são Cuidados Paliativos e como são inseridos na assistência em saúde”, “Os desafios de criar e gerenciar um serviço de Cuidados Paliativos”, “Comunicação de más notícias”, “Síndrome de Burnout na equipe médica”, “Aspectos legais que embasam o cuidado de fim de vida”, “Cuidados Paliativos em UTI” e “O sentido da vida no processo de adoecer, da morte e do luto”.

Foram realizadas mesas redondas multiprofissionais para a discussão de assuntos como: “A equipe multiprofissional nos Cuidados Paliativos”, “Lidando com sintomas em Cuidados Paliativos”, “Decisões difíceis em Cuidados Paliativos”, “Interface dos Cuidados Paliativos com Especialidades”, bem como a discussão de casos clínicos.

O congresso contou com a presença de palestrantes de vários locais do Brasil, todos com grande experiência na área de Cuidados Paliativos e reconhecidos nacional e internacionalmente. O geriatra Eduardo Dias, que, ao lado da psicóloga Juliana Gibello, também palestrante do evento, é um dos coordenadores do curso de pós-graduação em Cuidados Paliativos do Hospital Israelita Albert Einstein, foi o conferencista do primeiro dia do encontro.

“O congresso, com essa temática, é uma excelente inciativa por divulgar o conhecimento por todos os profissionais, para que todo mundo fale a mesma língua e entenda o que está sendo feito. O evento também é uma oportunidade de mostrar e valorizar as pessoas que estão trabalhando no dia a dia”, disse o especialista.

Para Eduardo, o Cuidado Paliativo é uma missão de vida. “Ele vem para focarmos no cuidar, que se perdeu um pouco na questão do tratar e do cuidar. Acabamos tratando os pacientes de suas doenças, mas cuidando muito pouco dos indivíduos. O Cuidado Paliativo vem para cuidar do indivíduo, da sua biografia, do que ele fez ao longo da vida e garantir qualidade de vida até seu momento final”, completou.

“Considero muito importante a iniciativa da Santa Casa de Maceió em trazer um congresso que pensou nos pacientes com doenças crônicas, na prevenção dos cuidados paliativos. Para mim, poder falar sobre terapia intensiva e cuidados paliativos são temas iguais. Quando pensamos em cuidados paliativos dentro da UTI, conseguimos oferecer um tratamento mais individualizado, mais adequado para aquele paciente, pensando no que faz sentido para ele e melhorando a qualidade do seu atendimento e da família”, afirmou a médica intensivista Veridiana Schulz Casalechi, membro integrante da equipe de Terapia Intensiva do Hospital Sírio Libanês e de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer de São Paulo.

O Serviço de Cuidados Paliativos da Santa Casa de Misericórdia de Maceió foi criado em 2013 seguindo o conceito atual que não se restringe mais apenas à terminalidade. Hoje o foco se expandiu para os pacientes crônicos, cuja evolução da patologia é muito longa e que, por isso mesmo, necessitam de qualidade de vida.

Entre os investimentos feitos pela Santa Casa de Maceió em Cuidados Paliativos está a parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Em janeiro deste ano, o Curso de Pós-Graduação em Cuidados Paliativos foi finalizado com a primeira turma composta por 34 profissionais, dos quais 10 médicos, 8 enfermeiros, 6 psicólogos, 5 fisioterapeutas, 2 terapeutas ocupacionais, 2 fonoaudiólogas e 1 nutricionista.

Antecedendo o congresso, em outubro deste ano, a instituição reforçou seu investimento na humanização do atendimento de seus pacientes. Com o Curso de Psicologia em Cuidados Paliativos, promovido pela Divisão de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Maceió.

Para Carolina Zau, gestora médica da Santa Casa Rodrigo Ramalho, o congresso foi importante para apresentar aos profissionais que não fazem da instituição um pouco da história do Serviço. “O congresso foi um marco enorme para nós que temos um Serviço que foi inaugurado há seis anos, mesmo tempo desde o primeiro congresso da instituição. Conseguimos coroar esse encontro com o crescimento enorme com a equipe multiprofissional, na formação dos profissionais da Santa Casa de Maceió em Cuidados Paliativos com parceria do Hospital Albert Einstein, e nos mais de mil pacientes atendidos desde 2013. Então, conseguir disseminar a cultura dos Cuidados Paliativos para outros profissionais traz como resultado encaminhamentos mais precoces beneficiando mais quem precisa desse tipo de atendimento”, pontuou.

A psicóloga Mariana da Silva Verçosa foi uma das ouvintes das palestras do congresso e reforçou a importância do tema para quem trabalho com assistência à saúde. “Conversar sobre Cuidados Paliativos é de suma importância e a Santa Casa de Maceió agregou bastante quando abriu as portas para falar sobre um tema tão atual, mas ainda desconhecido por alguns profissionais. Para nós que fazemos saúde, é muito bom conhecer essa proposta paliativa e desmistificando alguns tabus e paradigmas”, disse a participante.