Poluição à deriva
O professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rivelino Cavalcante, destaca que o reaparecimento do material evidencia uma grande quantidade de óleo ainda à deriva no oceano. “Já era para ele estar mais decomposto, no nível de micropartículas, ou até no nível molecular, no tamanho que não seria visto tão fácil a olho nu. Isso evidencia que há muito material”, afirma.
Além disso, segundo o especialista, o material voltou a aparecer por conta do fenômeno “swell”, como é conhecida a ressaca do mar. “Provavelmente, esse material está sendo remobilizado. Ele pode estar no fundo do assoalho oceânico. Nossa plataforma é carbonácea, ela tende a precipitar esse material, ou seja, ele fica no fundo por conta do carbonato. Depois, com esse evento extremo de ressaca, ele suspende o material, que volta a aparecer na praia”, ressalta.
No início deste mês, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) informou que manterá a posição de alerta para o risco de aparecimento de novas manchas de óleo no litoral até o mês de março. A medida ocorre justamente pela maior frequência do swell na área do Oceano Atlântico que corresponde ao Nordeste, nesta época do ano.
Conforme o mais recente mapa das áreas com localidades oleadas no litoral brasileiro, elaborada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 27 de dezembro, três pontos do Ceará apresentavam “vestígios” com até 10% de contaminação por óleo: Praia do Cumbuco, em Caucaia; Lagoinha, em Paraipaba; e Pontal do Maceió, em Fortim. Desde 30 de agosto, outras 38 localidades também apresentaram manchas, mas não na última revisita dos órgãos ambientais.