Duas irmãs pernambucanas que nasceram no mesmo dia, com sete anos de diferença, deram à luz dois bebês na mesma data, no Recife, sem agendar o parto. Lauryanne Costa e Luciares Araújo, de 32 e 39 anos, respectivamente, pretendiam ter os filhos em parto normal, mas ambas precisaram fazer cesarianas. Elas não sabiam que, além de compartilhar o dia do aniversário, teriam tanto a dividir uma com a outra.
Luciares nasceu no dia 14 de julho de 1980. No dia do aniversário de sete anos dela, em 1987, nasceu a irmã, Lauryanne. Elas são as irmãs mais velha e mais nova, respectivamente, entre as três filhas de José e Lúcia, moradores de Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco.
A primeira a dar à luz foi Lauryanne, que teve Joaquim às 9h15 do dia 12 de janeiro, no Hospital Memorial São José, na área central da capital pernambucana.
A gestação tinha atingido 41 semanas e, para não provocar riscos ao bebê, a obstetra decidiu realizar a cirurgia. Luciares, então com 39 semanas, esperava ter Mariana dias depois, quando completaria 40 semanas.
Entretanto, ao visitar a irmã mais nova e o sobrinho no hospital, ela descobriu que estava com dois centímetros de dilatação. A médica, então, decidiu mandá-la para casa, já que, mesmo em trabalho de parto, o nascimento do bebê deveria ocorrer mais tarde ou mesmo no outro dia.
“Fiquei grávida e, uma semana depois, Luciares disse que achava estar grávida. Eu pensei ‘mentira’, porque já é uma coincidência termos nascido no mesmo dia. Não quisemos agendar o parto, queríamos normal. Contratamos a mesma equipe de doulas e obstetra, no mesmo hospital, mas não foi para sermos iguais, mas porque obtivemos referências positivas e queríamos essa equipe”, afirmou Lauryanne.
Horas depois, com dores, Luciares precisou voltar à maternidade e já estava com oito centímetros de dilatação. O parto, até então, seria normal, mas depois de quatro horas tentando dar à luz, a escolha da obstetra, que foi a mesma médica que acompanhou a irmã, Lauryanne, foi de optar pela cesariana. Mariana, então, nasceu às 18h15, exatamente nove horas depois do primo Joaquim.
“O que aconteceu foi que o bebê dela atrasou alguns dias e a minha, se antecipou alguns dias. Eu dizia que queria que Mariana nascesse depois, porque eu queria acompanhar o parto dela, mas meu marido dizia que era muita emoção. Mas é que, como moro em Garanhuns [no Agreste], não nos veríamos por um tempo depois do nascimento”, declarou Luciares.
Para as duas irmãs, a gravidez foi uma experiência compartilhada, desde os sintomas físicos e emocionais às experiências de como aliviá-los.
“A gravidez foi tranquila, mas tive enjoo, enxaqueca, refluxo e por aí vai. Ficávamos no WhatsApp ou em chamada de vídeo falando sobre os sintomas. Era ‘tu teve isso?’ e a outra ‘tive, faz tal coisa’. Mas Luciares vinha todo mês para a médica e a gente aproveitava para se encontrar”, afirmou Lauryanne.
Depois de sair da maternidade, os dois primos, Joaquim e Mariana, ainda não se encontraram. O reencontro ainda não foi marcado. Por morar em Garanhuns, Luciares alugou um apartamento no Recife, no dia 22 de dezembro de 2019, para esperar a chegada da bebê, mas decidiu voltar ao interior dias depois do parto.
“Eu, por ser a mais velha, sempre tive uma relação de muito cuidado com Lauryanne. Pegava no colo, ajudava a cuidar, tinha ciúmes. E como eu já tinha tido um filho, ajudava ela em alguns sintomas. Ela sempre tinha antes e eu, depois. Quando tinha enjoo, por exemplo, ela tinha primeiro e eu dizia ‘toma suco de limão de manhã’. Logo depois, eu tinha. Foi muito boa essa troca”, disse Luciares.
Com as duas filhas no pós-parto, os pais delas, José Soares e Lúcia Araújo, decidiram sair de Belo Jardim para ajudar nos primeiros dias com as crianças. Segundo a mãe das duas, as filhas sempre foram bastante unidas, mas a família não imaginava que elas teriam tanto a compartilhar.
“Elas sempre foram muito amigas. Nós ficamos muito alegres quando Lauryanne disse que estava grávida, porque ela é a nossa terceira, que teria o primeiro filho e nós gostamos muito de crianças. Quando soubemos de Luciares, a alegria foi dobrada”, disse.
O pai de Luciares e Lauryanne, por sua vez, afirma que se surpreende cada vez mais com as coincidências na vida das duas.
“Quem estudar numerologia vai ter muito o que analisar nesse caso. Nenhuma programou nada e, ainda assim, isso aconteceu. Ainda tem outra coincidência que é que o marido de Lauryanne nasceu em 1978 e ela, em 1987. Ele também nasceu num dia 12, mesmo número do dia de nascimento dos dois bebês”, disse.
Marido de Luciares, o professor Mirko Gutierrez, que é peruano, conheceu a esposa na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde os dois trabalham. Para ele, a esposa foi uma guerreira durante as gestação do primeiro filho, Vicente, de 3 anos, e agora de Mariana.
“Vicente nasceu durante o surto de zika, que causou microcefalia em tantas crianças, e nós ficamos muito apreensivos. Na gravidez de Mariana, houve um descolamento de placenta e foi preciso haver repouso absoluto, além do fato de que ela ganhou muito peso, tanto que a bebê nasceu bem grande. Todo mundo dizia ‘nossa, que bebê grande. Olha a mão dela'”, afirmou.