As comissões de Direitos Humanos, Promoção da Igualdade Social e Comissão Especial da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil Alagoas (OAB-AL) irão acompanhar de perto o caso de racismo denunciado por uma professora de uma escola particular, localizada no Trapiche da Barra.
Taynara Cristina procurou a Polícia Civil nesta quarta-feira,5, para registrar boletim de ocorrência contra a diretora da escola que cometeu o crime na frente da turma do 3º ano do Ensino Médio, onde a professora estava dando aula. “Ela disse: quem aqui for a Ouro Branco e, se forem a Ouro Branco, lá tem o melhor couro. Tragam pra mim porque eu quero dar uma chicotada para que ela lembre de uma época que ela tem tanto medo de voltar”, relata a professora.
A professora que milita em causas feministas e negras, disse que no primeiro momento ficou arrasada com a violência, que inclusive ocorreu no dia do seu aniversário, mas depois entendeu que o fato vai marcar sua luta antirracista e pela igualdade. “Meus alunos sabem o quanto me posiciono contra esse tipo de conduta e eu tenho certeza que é por isso que estão protestando”, disse.
No início desta tarde os alunos e representantes de vários movimentos realizaram um protesto antirracista em frente à escola, em apoio à professora Taynara. Uma aluna da turma disse uma funcionária da escola ainda tentou convencê-los a não participarem do protesto, mas a maioria compareceu e segurou cartazes pedindo respeito.
O presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Social, advogado Alberto Jorge reiterou que a OAB dará todo o suporte à Taynara. “Nós vamos acompanhar o inquérito policial porque é um caso específico de racismo e vamos propor outras ações para que haja punição”, disse.
A escola havia postado um pedido de desculpas na sua rede social, mas momentos, o post foi apagado. Até o momento a escola não se pronunciou sobre o assunto.
Nota DCE da UFAL
“Taynara é professora, estudante do curso de Letras no campus A. C. Simões, mulher preta, militante antirracismo e participa da construção do coletivo União das Letras, que trabalha temáticas feministas, LGBTQIA+, afrobrasileiras no curso ao qual se dedica. Esse Diretório, que carrega em seu nome o maior símbolo da resistência negra nacional, se solidariza com Taynara e declara que, além de violentar a natureza da educação, em aspectos éticos e humanos, a proprietária racista do Colégio destila seu ódio sobre o povo preto desta terra.
O período de escravidão dos povos negros foi, de longe, o mais horrendo capítulo da história do Brasil, período este gravado a ferro na história, na memória e no cotidiano da população preta”, diz a nota do DCE.