Futebol

Internacional estreia pela Libertadores em meio a protestos no Chile

Conflitos devido à situação política do país afetaram diretamente a estreia entre Universidad de Chile e Internacional

O duelo entre Universidade de Chile e Internacional pela Copa Libertadores ficou marcado por uma série de protestos vindos da torcida chilena ao decorrer do jogo ao vivo. A partida válida pela fase preliminar do torneio terminou empatada em 0 a 0.

O fogo nas arquibancadas marcou o cenário, além das cadeiras sendo arremessadas pelos chilenos e o confronto da torcida contra a polícia. Tudo isso acontecia muito perto do goleiro colorado Marcelo Lomba.

O clima tenso e de apreensão já estava presentes dias antes do confronto. O horário da partida foi antecipado em mais de uma hora pela Conmebol, que ainda advertiu a equipe da Universidade de Chile para que não houvesse conflitos. O clube chileno reforçou a segurança além de limitar a capacidade do estádio.

Clima de tensão predominou ao futebol

Até então, em clima mais tranquilo, a partida foi iniciada. Mas o que viria em seguida era um anúncio dos protestos que marcaram o jogo. Faixas com pedidos de renúncia do presidente do Chile, Sebastián Piñera, apareceram juntamente com o cântico: “Piñera assassino, igual a Pinochet”, no que se refere à ditadura de Augusto Pinochet, que durou de 1973 a 1990.

Quando acabou o primeiro tempo da partida, as arquibancadas onde estava a torcida organizada dos “Los de Abajo” se esvaziaram rapidamente. Foi quando um grupo de aproximadamente 25 torcedores começou um confronto com a polícia do lado de fora do estádio. Pedras e pedaços de madeira foram arremessados contra um blindado da polícia. O conflito acabou quando os torcedores correram de volta ao estádio para acompanhar o segundo tempo.

Já nos instantes finais da partida, o caos se instaurou dentro do estádio. Foi quando os torcedores atearam fogo nas arquibancadas e começaram a arremessar cadeiras, inclusive, para além das arquibancadas, atingindo a pista de atletismo do estádio, onde se encontravam funcionários da segurança. A tensão e a fumaça do fogo tomaram conta do local.

Os bombeiros que tentavam apagar o fogo precisaram de proteção policial, pois eram atacados por pedras e cadeiras. Diante disso, a decisão de encerrar a partida nem sequer foi cogitada pelo árbitro, que apenas fez uma paralisação. Com o apito final e a ida dos jogadores ao vestiário, o fogo finalmente pode ser contido.

Protestos contra o governo chileno

Os aumentos na tarifa do transporte público foi o estopim para o início dos protestos contra o presidente Sebastián Piñera, que conta com apenas 6% de aprovação popular em seu governo.
Os protestos no Chile ocorrem desde outubro de 2019, onde já foram registradas 31 mortes e mais de 400 feridos em confrontos com os “Carabineros”, a polícia chilena. Na ultima terça-feira, a morte do torcedor do Colo-Colo, Jorge Mora, atropelado por uma viatura da polícia, reacenderam os protestos no futebol, por parte das torcidas organizadas, que tentam interromper as partidas.

Após o ocorrido dessa partida, em que o perigo evidente ofuscou o futebol ao vivo, a equipe do Internacional fará uma reclamação formal à Conmebol, esperando por uma punição pela falta de segurança. O jogo de volta, que dará uma vaga a última fase preliminar da competição, está marcada para a próxima terça-feira, às 19h15, no estádio do Beira-Rio.