A chuva forte que atingiu em São Paulo a partir do fim da tarde deste domingo (9) provocou destruição e caos. A tempestade fez rios transbordarem, causou dezenas de alagamentos, deslizamentos e travou a cidade. De acordo com a prefeitura, o temporal ganhou força a partir da 1h desta segunda-feira (10).
O volume de água registrado no intervalo de 24 horas foi o maior para um mês de fevereiro em 37 anos, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram, e as Marginais ficaram com trechos intransitáveis. A circulação dos transportes públicos (ônibus, metrô e trens) ficou comprometida, e a prefeitura suspendeu o rodízio de veículos.
Diversas pessoas ficaram ilhadas, e muita gente não conseguiu chegar ao trabalho. Botes foram usados em operações de resgate. A recomendação dos Bombeiros e da Defesa Civil do Estado é que as pessoas evitem sair de casa.
Além disso, ficaram alagados a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e o Campo de Marte, aeroporto da Zona Norte da capital.
Após uma manhã caótica, São Paulo continuava com 79 pontos de alagamentos, sendo 56 intransitáveis e 23 transitáveis, até a última atualização desta reportagem.
Os Bombeiros registraram 857 acionamentos por enchentes, 134 quedas de árvores e 151 desabamentos.
O governo e a Prefeitura de São Paulo responsabilizaram a chuva excessiva pelos inúmeros transtornos.
“É uma cidade extremamente impermeabilizada, não há absorção. Os sistemas de piscinão funcionaram até o limite, os sistemas de bombeamento funcionaram até o limite, mas o que ocorreu foi: excesso de chuva em um período pequeno”, disse o Secretário Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, declarou que os moradores da cidade que se sentirem prejudicados pelos alagamentos podem pedir ressarcimento de impostos nas Subprefeituras. Os valores, segundo o prefeito, serão ressarcidos no IPTU de 2021.
Segundo a Defesa Civil, até a última atualização desta reportagem, não havia registro de ocorrências graves ou com vítimas por causa da chuva.
O temporal foi provocado pela passagem de uma frente fria pela costa paulista, associada a uma área de baixa pressão atmosférica.
Segundo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo, em dez dias já choveu cerca de 208 mm, o que equivale a 96% da média esperada para o mês de fevereiro (216,7 mm). Apenas entre 7h e as 13h desta segunda, o volume foi de 88,7 mm na cidade.
Segundo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo, a chuva forte deve continuar ao longo da tarde e da noite, e o tempo deve continuar instável nesta terça-feira (11).
As Marginais Tietê e Pinheiros chegaram a ficar fechadas em pontos com alagamento. Na Tietê, o ponto crítico foi na altura da ponte da Casa Verde, sentido Cebolão.
Às 11h20, a Tietê foi liberada próximo à Ponte do Limão, na pista expressa sentido Ayrton Sena, e a Pinheiros foi liberada junto à Ponte Engenheiro Roberto, sentido Interlagos.
O rio Pinheiros, que corta a cidade de São Paulo, alcançou o maior nível e transbordou de uma forma que não ocorria há 15 anos, de acordo com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee).
Devido ao transbordamento de rios e córregos, as seguintes regiões estão em estado de alerta:
De acordo com a Prefeitura, o temporal desta segunda acumulou, em aproximadamente 3h, cerca de 60 milímetros (mm) de média na cidade. Determinados bairros registraram números acima disso.
Veja os registros em alguns bairros:
A Zona Oeste da cidade foi a mais afetada pelas chuvas. É nesta região que fica a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que ficou alagada, com um dos corredores tomado por melancias boiando.
O Mirante de Santana, na Zona Norte, registrou 114 mm de chuva até as 9h desta segunda. A média nos últimos 30 anos para o mês de fevereiro nesta estação é de 249,7 mm.
Um deslizamento de terra atingiu um ônibus na Avenida Coronel Sezefredo Fagundes, na Zona Norte de São Paulo, no fim da manhã desta segunda.
Transporte público
O metrô informou que opera normalmente desde o começo do dia. A Linha 9- Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) registrou diversos pontos de alagamento a partir das 4h desta segunda, impossibilitando a circulação de trens entre as estações Osasco e Santo Amaro.
Por conta disso, o Plano de Ação Entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) foi acionado a pedido da CPTM.
Já a Linha 8-Diamante chegou a ter paralisação no começo da manhã, mas estava com circulação normal até a última atualização desta reportagem.
A SPTrans informou que a circulação dos ônibus municipais também ficou prejudicada por causa da chuva, mas que as equipes reforçaram o monitoramento das operações, orientando os passageiros em seus deslocamentos.
Segundo o órgão, os 31 terminais de ônibus municipais operam normalmente e não há alagamento no nesses locais. Entretanto, os ônibus enfrentaram dificuldade de transitar por causa das vias prejudicadas pelos alagamentos.
Em razão dos pontos de alagamentos intransitáveis, pela manhã os ônibus não circularam em importantes vias como:
As garagens da Santa Brígida (que atende às regiões da Lapa, Barra Funda, Pirituba e Jaraguá) e da MoveBuss (que atende às regiões de Sacomã, Sapopemba e Vila Prudente) tiveram atrasos na saída dos coletivos.
Os veículos do Serviço Atende+, da garagem da NorteBuss, tiveram dificuldade na saída entre 5h e 7h15.
O aeroporto de Congonhas, na Zona Sul, passou a operar com o auxílio de instrumentos às 6h desta segunda. De acordo com a assessoria de imprensa da Infraero, dois voos foram cancelados e 11 atrasaram.
A concessionária GRU Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos, disse em nota que, devido às fortes chuvas, entre as 9h e as 14h desta segunda foram registrados 16 cancelamentos e 12 atrasos. Além disso, 20 voos que tinham Cumbica como destino tiveram de ser alternados para outros aeroportos.
A concessionária recomenda que os passageiros confirmem seus voos com as companhias aéreas.
Choveu forte também em cidades da Região Metropolitana do Estado. A Grande São Paulo, principalmente Barueri, também amanheceu em situação de caos por causa da chuva.
Além disso, Botucatu, no interior do estado, a Defesa Civil registrou quedas de barreiras, alagamentos, inundações e quedas de pontes.
Segundo os Bombeiros, o corpo de um homem de 33 anos foi encontrado no piscinão de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na manhã desta segunda. Ele estava desaparecido desde sábado (8). Inicialmente, a reportagem afirmou erroneamente que homem havia desaparecido no domingo, quando a chuva começou.