Num futuro próximo, robôs com missões na Lua podem ter a capacidade técnica assinada com a colaboração da Ufal. É que o professor Heitor Savino, do Instituto de Computação (IC), está na França participando do projeto PRO-ACT (da sigla em inglês com tradução livre Robôs Planetários Implan
O objetivo do PRO-ACT é desenvolver um sistema com robôs que devem cooperar entre si para construir uma estação lunar utilizando recursos locais, ou seja, material extraído da Lua, numa infraestrutura de suporte. A proposta está alinhada com as futuras missões da Agência Espacial Europeia (ESA) para demonstrar a “possibilidade de utilização destes recursos na Lua, em que se propõe a obtenção de hidrogênio e oxigênio para estações espaciais e espaçonaves”, como explica Savino.
Os planos da ESA na “corrida para a Lua” são otimizar o trabalho e os custos de uma missão espacial, porque quanto mais pesada for a carga útil, mais combustível necessário. Utilizando recursos extraídos na própria Lua, menor o custo para a construção de um local habitável. E se para esta operação forem utilizados robôs, as metas ficam ainda mais viáveis de atingir.
É aí onde entra o projeto que está sendo executado no Laboratório de Análise e Arquitetura de Sistemas (LAAS), na cidade de Toulouse, considerada o centro aeroespacial da Europa. “Trabalho no desenvolvimento do sistema de controle para a manipulação cooperativa. O objetivo é possibilitar que dois robôs possam manipular um objeto em comum. A tarefa deve ser executada de maneira a não danificar a carga ou os robôs”, destacou o professor Heitor.
Os robôs Mantis e IBIS estão no Instituto de Pesquisa Industrial para Automação e Medições (PIAP), na Polônia, e no Centro Alemão de Pesquisa de Inteligência Artificial (DFKI), Alemanha. São nesses locais onde acontecem, atualmente, as reuniões dos parceiros.
O PRO-ACT é financiado pela Comissão Europeia na segunda fase do Strategic Research Cluster (SRC) em robótica espacial, no âmbito do programa europeu H2020. O professor da Ufal está envolvido na pesquisa que inclui Controle Automático; Ciência da Computação; Microeletrônica e Nanosistemas; Sistemas de Produção e Robótica.
Trabalho conjunto para testes finais
O professor Heitor Savino destaca a importância de estar inserido num laboratório de ponta como o LAAS e elenca dois pontos principais que o deixam orgulhoso por fazer parte do grande time de pesquisadores do PRO-ACT: “A possibilidade de colaboração e inserção num projeto a nível internacional” e o “aprendizado a nível organizacional de um grupo de pesquisa altamente eficiente”.
Para possibilitar a execução do projeto, cientistas renomados estão espalhados pelo mundo trabalhando em parceria. Eles integram instituições de pesquisas e empresas privadas de locais como Alemanha, Espanha, Bélgica, Polônia, França e Reino Unido e fazem reuniões trimestrais ou teleconferências semanais acompanhados por membros das agências espaciais europeias e da Comissão Europeia, que avaliam e acompanham o andamento do projeto.
“Na fase atual, estamos desenvolvendo as bibliotecas de planejamento e controle que serão integradas no software. Os parceiros também estão na fase de integração e adaptação de seus componentes. Em junho deste ano será realizada uma primeira prova de campo na parte de percepção e mapeamento, sem manipulação por parte dos robôs. A manipulação cooperativa que será entregada pelo LAAS será realizada posteriormente em ambiente fechado, em laboratório”, detalhou Savino.
Para ajudar nessa etapa, o LAAS conta com dois robôs manipuladores que servem de teste para integração no Mantis e no IBIS. Só depois desses passos haverá a demonstração final, em campo com aspecto geológico similar à Lua. Os robôs devem ser utilizados para descarregar a carga útil de módulo de aterrissagem e, em seguida, cumprir outras tarefas como instalação de um sistema de sensoriamento local; mapeamento e preparação do terreno; montagem da estrutura do robô Mobile Gantry; e montagem cooperativa da estação de utilização de recursos locais.
Até janeiro de 2021 o mundo todo poderá conhecer os resultados do PRO-ACT e a contribuição dessas mentes brilhantes, entre elas a do professor da Ufal, para os avanços na área de estudos espaciais.
Conhecimentos aplicados e difundidos
A qualificação técnica do jovem docente da Ufal que desenvolve estudos no Departamento de Robótica e Interações do Laboratório de Análise e Arquitetura de Sistemas (LAAS), na França, já se destaca e difunde conhecimentos.
No próximo mês de junho, Heitor Judiss Savino vai publicar um artigo no principal evento em robótica, a International Conference on Robotics and Automation (ICRA). O trabalho é na área de robôs aéreos cooperativos utilizados no transporte de carga num sistema definido como FlyCrane.
O professor também troca experiências com pesquisadores em nível mundial, sediados na Europa, que visitam o LAAS para projetos em colaboração. Os impactos dessa vivência serão recompensados para a comunidade acadêmica da Ufal.
O primeiro resultado objetivo foi a recente aprovação de um projeto em parceria com o LAAS e dois institutos da Ufal, além da Universidade Federal de Campina Grande. A pesquisa contemplada no edital Entre Mares, da Capes, será financiada para desenvolver a cooperação entre robôs aéreos e de superfície aquática para ajudar no combate a desastres como o derramamento de óleo que ocorreu no litoral brasileiro.
“É uma tarefa muito importante estar carregando a bandeira da Ufal. Com certeza é uma grande oportunidade de trazer novas parcerias e mostrar o resultado que podemos fornecer em parcerias em nível internacional”.