O homem de 47 anos, padrasto da menina de 10 anos que foi morta pela própria mãe, em Brasilândia, na região leste do estado, negou envolvimento no crime, porém, disse que “ficou só uns momentos sozinho com ela”. Ele teve a prisão preventiva decretada nessa segunda-feira (23) e existe ainda a suspeita do envolvimento dele em outros casos de abusos sexuais, de acordo com a polícia.
“Ele prestou depoimento nesta manhã (24) e permanece na cela da delegacia de Bataguassu, enquanto não o levamos para o presídio. Sobre a morte da menina, ele negou envolvimento no primeiro momento e disse que nunca ficou sozinho com ela. Depois, questionado mais uma vez, disse que ficou só uns momentos sozinho com criança, mas, continuou negando o crime”, afirmou ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações.
Conforme o delegado, a polícia ouviu diversas testemunhas e também recebeu denúncia anônima, apontando o possível envolvimento do suspeito em outros crimes de estupro conta crianças. No decorrer do inquérito, a investigação também teve conhecimento das declarações de uma “coleguinha” da criança, a qual contou que a menina já tinha falado sobre o estupro, porém, estava com medo de contar e apanhar da mãe.
“Nós ouvimos o pai biológico da menina e este disse que mora em Três Lagoas, sendo que fica com os filhos todo final de ano. Neste último, no entanto, ele disse que a mãe não deixou, provavelmente porque a menina poderia contar algo para ele. O exame necroscópico também revelou a violência sexual e tivemos indícios, mais que suficientes, para pedir a prisão preventiva dele”, ressaltou Passos.
Mãe disse que “estava com muita raiva”
Também questionada sobre o crime, a suspeita de 29 anos, presa por matar e enterrar a própria filha, disse que somente em juízo vai falar o motivo que a levou a cometer tamanha brutalidade, segundo a polícia. A investigação aponta que a criança estava denunciando abuso sexual por parte do padrasto, quando o crime ocorreu.
“Ela disse que falaria somente em juízo, mas, de maneira informal, nós gravamos um vídeo e ela narrou como levou a filha até o local, além de dar detalhes de como enforcou, asfixiou e a colocou no buraco. Questionada sobre o motivo, ela disse somente que “estava com muita raiva” e explicará, em juízo, a motivação. Em 20 anos de polícia, nunca vi alguém agir com essa maldade e frieza. Aliás, espero nunca ver de novo”, afirmou ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações.
Conforme a investigação, enquanto a mãe fazia tratamento para dependência química, a menina já esteve em um abrigo. Ao voltar para o convívio da mãe, ela passou a conviver com os irmãos e o padrasto. Ao todo, a suspeita possui quatro filhos, com idade entre 8 a 13 anos. O mais velho, inclusive, teria ajudado a mãe a cometer o delito, ainda conforme a polícia.
A mulher foi autuada em flagrante por homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime praticado para ocultar outro crime; ocultação de cadáver e corrupção de menor. Ela foi encaminhada para o Presídio Feminino de Três Lagoas. Ela já tinha passagens por tráfico de drogas e furto.
Entenda o caso
A mulher de 29 anos está presa desde a noite do último sábado (21), em Brasilândia. Segundo a Polícia Civil, a mãe contou que matou a menina de 10 anos porque ela acusava o padrasto de abuso sexual. O irmão da vítima, de 13 anos, foi apreendido. Ele confessou que ajudou a mãe a matar a irmã e que ela foi enterrada viva. “Ela pedia por socorro dentro do buraco”, disse o menino à polícia.
A polícia soube do caso pela própria mãe. Depois de ir três vezes ao local do crime para constatar se a filha estava morta, a mulher procurou a delegacia de Polícia Civil e disse que a menina havia desaparecido após ter sido deixada por ela em uma praça com o irmão. Horas depois, ligou para a Polícia Militar (PM) e contou que havia matado a criança e queria se entregar.
Os policiais então foram ao encontro da mulher, ela falou sobre o que havia acontecido e levou os militares ao local do crime: um buraco perto do lixão do município. Lá, foi encontrado o cadáver da menina, enterrado de cabeça para baixo.
A Polícia Civil e o Conselho Tutelar foram informados e em conversa com o irmão da vítima, ele confessou que havia ajudado a mãe. Ele tinha arranhões nas pernas, o que fez com que fosse levantada suspeita sobre o envolvimento dele.
O adolescente contou aos policiais que a mãe derrubou a filha no chão e passou a enforcá-la com fio elétrico. Na versão do garoto, a irmã pedia por socorro para que não fosse morta. Em seguida, eles encontraram um buraco no chão e colocaram a vítima ainda viva, enterrando em seguida, ficando apenas os pés para fora.
Conforme a Polícia Civil, o médico legista observou, no exame necroscópico, que a vítima apresentava várias lesões pelo corpo, indicando possível ocorrência de tortura. A causa da morte foi asfixia mecânica por compressão do tórax, compatível com o relato do adolescente.
O garoto revelou ainda que a mãe ficou enfurecida porque a irmã havia dito que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto e prometeu matá-la caso continuasse falando sobre o assunto. Em seguida, ela chamou ambos para sair de carro e parou em uma estrada fora da cidade, onde iniciou as agressões e matou a filha.