Além de mudar hábitos, a quarentena também está interferindo na rotina dos cachorros. O número de passeios diminuiu – ou deixou de existir – e as saídas são mais curtas e cheias de cuidados.
Para entender como o isolamento mexe com os cachorros, como estimulá-los em casa e quais cuidados devem ser tomados, o G1 conversou com especialistas em comportamento canino.
As dicas gerais são:
A falta de atividade pode ser o grande problema para os cachorros. “O cão pode ficar mais agitado e ter comportamento diferentes, como fazer xixi e coco em lugares errados, começar a destruir alguma coisa dentro de casa. Tudo por frustração pela falta de passeio mesmo”, explica Helen Maltasch.
A especialista em comportamento de cães na empresa Cão Carioca também destaca que o passeio não é importante apenas para o físico do animal:
“Ao sair, eles ficam em contato com cheiros diferentes, ar fresco, natureza, além da socialização com outros cães. Tudo isso que deixa o cão mais equilibrado.”
Um dos pontos positivos para o cão é que a família esteja em casa o tempo inteiro na quarentena. Isso pode significar carinho e atenção o tempo inteiro, mas não é saudável a longo prazo.
Subir e descer escadas é uma possibilidade indicada por Cleber Santos, do ComportPet, centro de treinamento para cães: “Isso já vai dar um alívio muito grande ao cão e ele cansa muito mais rápido do que se tivesse dando volta na rua”.
Ele também tem uma dica cult para os pets: ouvir música clássica. “Não é mágica, mas lá pelo sexto dia ouvindo por uma hora, o cão começa a relaxar toda a parte da musculatura e da mente”, explica Santos.
Por mais que não se tenha uma data definida para que as atividades voltem ao normal, em algum momento a rotina seja retomada e o cão vai voltar a ficar horas sozinho. Pensou nisso?
Os especialistas alertam que uma interrupção abrupta pode gerar ansiedade de separação. “Ele vai sentir muito a falta do dono, achar que está sendo abandonado e que o dono não vai voltar”, afirma Tamborini.
Para evitar o problema, os tutores precisam criar momentos do cão sozinho: “Ele tem que entender que está tudo bem ficar sozinho em alguns momentos e o mundo não vai acabar por conta disso”, ensina o especialista, que já alerta que a postura dá mais dó para as pessoas do que para o animal.
E este momento não precisa ser chato, muito pelo contrário, deve ser legal para o cão. “Reserve um espaço da sua casa, enriqueça o ambiente com brinquedos, a própria petball, e deixe o cachorro lá por um tempo”, explica Helen.
Outra dica é criar hábitos que podem continuar quando o isolamento acabar. “Vou brincar perto do café da manhã, porque quando voltar a trabalhar posso continuar por algum tempo com essa rotina”, diz a médica veterinária Juliana Gil.
Sem brincadeiras estimulantes, o cachorro pode ficar entediado e passa a demonstrar isso lambendo excessivamente as patas e latindo por qualquer barulho em casa ou na rua.
Assim, para evitar o sofrimento do cãozinho, outra possibilidade de entretê-lo é treinar comandos básicos, como sentar, dar a pata e deitar, nesta quarentena. Há tutorais no YouTube e também perfis no Instagram de empresas especializadas com esse tipo de conteúdo.
Para Fernanda Guillen, adestradora da Tudo Cão, como os cachorros já estão saindo menos, é importante estimular a atividade mental e isso pode ser feito com os treinos em casa.
“Quando a gente associa uma palavra a um movimento, por exemplo, ‘senta’, o cachorro faz e eu dou uma recompensa depois. Assim, ele consegue entender que está se comunicando com o dono”, explica.
“Essa atividade dá muita confiança, porque quando a gente fala normal, eles podem até notar o tom de voz, mas não entendem, de fato, o que estamos dizendo. Isso muda com o treino, porque eles passam a entender e ficam mais relaxados, mais confiantes porque a comunicação melhorou”, continua.
Donos também podem aproveitar o tempo extra em casa para um momento gostoso escovando seus cachorros. “Além de melhorar o vínculo afetivo entre os dois, também pode ser a hora em que o dono vai ver algum desconforto, como carrapato, no cachorro”, afirma Helen, da Cão Carioca.
Quanto às crianças, a ideia é ensiná-las a respeitar o espaço do cão. Se a interação dos pequenos passar do limite, os adultos precisam intervir: “Se fosse o contrário, o cão não levaria bronca?”, questiona Tamborini.