Coronavírus

Coronavírus já pressiona sistema de saúde de 4 capitais

Funerária fazia remoção de corpos de câmara frigorífica instalada no HPS João Lúcio na manhã desta sexta-feira (17 — Foto: Carolina Diniz/G1AM

Lotação nos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospitais, caminhão frigorífico para armazenar corpos, aumento abrupto do número de pacientes que dependem de respiração mecânica, fila de espera nos serviços de emergência.

O avanço da pandemia de coronavírus (Sars-CoV-2) nos últimos dias intensificou a pressão sobre o sistema de saúde de capitais pelo país. A situação agravou-se, sobretudo, naquelas que concentram o maior número de mortos pela doença Covid-19:

  • São Paulo (mais de 600 mortes confirmadas) – nesta sexta-feira (17), ao menos cinco hospitais operavam com a capacidade total de atendimento nas UTIs, sendo um deles o Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas;
  • Rio (mais de 220 mortes) – as quatro principais emergências do Rio não têm mais vagas de UTI disponíveis;
  • Manaus (mais de 120 mortes) – diante da falta de espaço para armazenar corpos de pacientes que morreram em um hospital da cidade, um contêiner frigorífico foi instalado para armazenar cadáveres;
  • Fortaleza (mais de 110 mortes)– entre segunda-feira (13) e terça-feira (14), no período de 24 horas, aumentou de 38 para 73 o número de internações por Covid-19 em UTIs; também dobraram as internações com uso de ventilação mecânica.

Além disso, diante do crescimento vertiginoso dos casos no Maranhão, a rede pública de São Luís tem ocupação de 90% dos leitos clínicos exclusivos para Covid-19.

O balanço mais recente sobre os casos de coronavírus no Brasil divulgado pelo Ministério da Saúde mostrou os seguintes dados:

  • 2.141 mortes – na quinta eram 1.924 (aumento de 11,2%)
  • 33.682 casos – na quinta eram 30.425 (aumento de 10,7%)
  • em sete dias, foram registradas 1.024 mortes adicionais (aumento de 90,4%)

Nesta sexta, São Paulo tinha cinco hospitais operando com a capacidade total de atendimento nas UTIs. Uma dessas unidades é o Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas.

O hospital está com 100% dos leitos ocupados e, mesmo assim, recebe mais de 100 solicitações de internações por dia. Os leitos do Emílio Ribas são ocupados por pacientes que têm entre 22 e 78 anos – a maior parte deles tem mais de 65.

O comando da UTI do Emílio Ribas é do médico intensivista Jacques Sztajnbok, que acumula quase três décadas de hospital. Ele já enfrentou outras epidemias, como a do sarampo, febre amarela e H1N1, mas diz que a crise do coronavírus é diferente.

Segundo Sztajnbok, com as UTIs lotadas, surge vaga apenas quando alguém tem alta ou morre. Ele diz ficar preocupado com o destino dos pacientes recusados pelo hospital: “É claro [a situação desses pacientes] nos toca, porque fica aquela preocupação sobre que destino teve o paciente a gente disse não”

Já na Zona Leste de São Paulo, quatro hospitais municipais estão sem vagas nas UTIs para casos graves: Tide Setúbal, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo e Doutor Inácio Proença de Gouveia.

No Hospital das Clínicas, que é ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mais de 80% das vagas de UTI também já estão ocupadas.

O governo do estado diz que tem um sistema para aproveitar melhor as vagas e que pacientes da capital podem ser transferidos para o interior. A Secretaria de Saúde também estuda como usar vagas dos hospitais particulares para atender pacientes do SUS.

Rio

As principais emergências do Rio não têm vagas disponíveis. Os hospitais Albert SchweitzerSalgado FilhoSouza Aguiar e Miguel Couto estão com 117 leitos de UTI ocupados.

No hospital Ronaldo Gazolla, referência no combate à Covid-19, dos 55 leitos disponíveis, só dois estão livres, – mas poderão ser ocupados apenas por quem já estiver na unidade.

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