Coronavírus

‘Dinheiro nenhum vai fazer eu dar mais um abraço no meu pai’, diz filha de vítima da Covid-19

Idoso de 70 anos morreu três dias depois de começar a se sentir mal, segundo a filha. No Rio, quem precisa de internação por causa do coronavírus já enfrenta dificuldades para conseguir um leito.

Antônio Zumpichiatti e a filha Gabriella se divertindo em uma festa — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O Rio de Janeiro contabiliza 402 mortes em decorrência da Covid-19, segundo balanço deste domingo (19). Outros 185 óbitos suspeitos também são investigados no estado, conforme dados oficiais divulgados neste domingo (19). Uma destas vítimas é o aposentado Antônio Zumpichiatti, de 70 anos. A filha dele, Gabriella Zumpichiatti, lamenta que haja defesa do discurso que privilegia a preservação da economia em detrimento da vida humana.

“Gente, a economia, emprego, trabalho, eu entendo que cada um vive uma situação, mas n]ao tem dinheiro nenhum que vai fazer eu dar mais um abraço no meu pai, entendeu?”, disse Gabriella.
A perda do pai ocorreu de forma muito rápida, segundo ela. “Em três dias que ele se sentiu indisposto, em três dias ele faleceu. A dor que eu sinto hoje eu espero que ninguém sinta também”, enfatizou.

Os médicos que lidam direto com a Covid-19 afirmam que a doença é muito agressiva e evolui rapidamente para a forma grave, demandando internação do paciente para tratamento intensivo.

Quem precisa de internação na rede pública de saúde do Rio começa a enfrentar dificuldades.

Um hospital de campanha montado pela Prefeitura do Rio, na Zona Oeste da cidade, vai ajudar a desafogar os hospitais da rede pública. Mas ele ainda não está funcionando.

A estrutura física do hospital de campanha já está pronta. A capacidade é para 500 leitos, sendo 100 de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Mas ainda faltam respiradores e monitores que vêm da China e devem levar, pelo menos, mais uma semana para chegar no Rio.

O médico intensivista André Casarsa explica que montar um leito de UTI é muito mais complexo do que um leito convencional.

“Requer uma estrutura não só física mas de pessoal complexa, que envolve leito adequado, equipamentos de monitorização de frequência cardíaca, de pressão arterial, que não é fácil, e de ventilação mecânica”, disse.

Nesta segunda-feira (20), a rede estadual de Saúde tem 60% dos leitos de enfermaria e 74% dos leitos de UTI já ocupados. Na rede municipal, a ocupação é ainda maior e preocupa o prefeito Marcelo Crivella.

“Nós chegamos a um ponto que a gente não esperava chegar. 85% de ocupação dos leitos no município, na rede municipal, realmente nos levou a uma situação de alerta”, disse o prefeito.

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