O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (24) para anunciar que decidiu pedir demissão após a exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal.
“Tínhamos um compromisso, fui fiel a esse compromisso […]. No futuro, eu vou começar a empacotar as minhas coisas e vou providenciar aqui o encaminhamento da minha carta de demissão. Eu, infelizmente, não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que eu tenha condições de trabalhar, sem que eu tenha condições de preservar a autonomia da Polícia Federal para realizar seus trabalhos. Ou sendo forçado a sinalizar uma concordância com uma interferência política na Polícia Federal cujos resultados são imprevisíveis.”
“Na ocasião [quando foi convidado para comandar pasta], foi dado equivocadamente que teria sido colocada como condição para eu assumir uma nomeação ao Supremo tribunal Federal. Nunca houve isso, até porque não seria o caso de eu assumir um cargo de ministro da Justiça pensando em outro.”
“Dentro do ministério, a palavra maior tem sido integração. Atuamos muito próximos das forças de segurança estaduais, até mesmo municipais. Trabalhamos duro contra a criminalidade organizada. Ouso dizer que não houve um combate tão efetivo como houve nessa gestão, trabalhando com governos estaduais. Tivemos transferências do PCC, prisão da maior autoridade do PCC, [que esteve por] 20 anos foragido, tivemos recorde apreensão de drogas no combate ao crime organizado. Isso é importante […].Recorde de destruição de plantação de maconha no Paraguai, buscamos fortalecer a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal com ampliação dos concursos existentes, empregamos maciçamente a Força Nacional […].”
“Fui juiz federal por 22 anos. Tive diversos casos criminais relevantes. Desde 2014, em particular, nós tivemos a Operação Lava Jato, que mudou o patamar de combate à corrupção no país. Claro que existe muito a ser feito, mas aquela grande corrupção que, em geral, era impune, esse cenário foi modificado. Foi um trabalho do Judiciário, do Ministério Público, de outros órgãos e, na parte de investigação, principalmente aí da Polícia Federal. Desde 2014, né, na Lava Jato, sempre teve uma preocupação de uma interferência do Executivo nos trabalhos da investigação e isso poderia ser feito de diversas formas: troca do diretor-geral se não tivesse causa, troca do superintendente.”
Pensão após deixar cargo
“Tem mais uma condição que não ia revelar, mas não faz mais sentido manter segredo. Eu disse [quando aceitei ser ministro] que como estava abandonando 22 anos da magistratura, contribuí anos para a magistratura, pedia apenas, já que íamos ser firmes quanto a criminalidade, que se algo me acontecesse, que a minha família não ficasse desamparada sem uma pensão.”