O promotor de justiça Sidrack Nascimento quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a morte de sua esposa, Martha Nascimento, ocorrida há exatamente um ano, em um condomínio no bairro Jardim Petrópolis, na parte alta de Maceió. Os detalhes sobre o dia fatídico estão escritos em um artigo intitulado “O silêncio de um inocente”.
O promotor disse que a companheira, de mais de uma década, teve um “surto psicótico” e tirou a própria vida, no jardim da residência onde moravam. O promotor conta que presenciou a cena e que até hoje não consegue esquecer. (…) “vi o que não poderia imaginar nos piores pesadelos: uma cena tenebrosa, que, desde então e até hoje, revive e toma conta dos meus pensamentos, tragando, por inteiro, o viço dos dias que ainda tenho pela frente”, disse.
Ele conta também que recebeu o carinho de muitos amigos, que sabiam dos problemas pelos quais a esposa passava, mas, por outro lado, foi surpreendido pelas acusações de que teria sido o autor da morte da esposa. (…) “me impingiram o título de criminoso. Acusado da prática de homicídio contra Martha, fui impedido de comparecer a seu velório e sepultamento. Cegos em seu egoísmo, ignoraram o surto psicótico que desencadeou o suicídio e iniciaram uma campanha farisaica, plantando, em jornais sensacionalistas, boatos os mais absurdos (…)”.
O inquérito que apurou a morte de Martha foi concluído pela Polícia Civil em junho do ano passado, depois que o Instituto de Medicina Legal (IML) entregou os laudos periciais que confirmaram o suicídio. O promotor acrescenta que além dos laudos uma testemunha foi fundamental para inocentá-lo das acusações: o jardineiro do condomínio, que presenciou a cena.
Sidrack citou que havia pessoas que estavam de olho no patrimônio de sua esposa e chegaram a acusa-lo de negar direitos do seu enteado. Por causa das calúnias que ele disse ter sido vítima resolveu se calar por um período. “Em quarentena, ainda mais recluso do que habitualmente sou, tenho refletido constantemente sobre o significado da provação por que passei e estou passando. E, assim, resolvi, de forma despretensiosa, redigir este artigo, como terapia e como catarse. Escrevo pra me libertar do trauma que diariamente me consome”, disse.