O presidente Jair Bolsonaro participou de uma videoconferência nesta quinta-feira (21) com governadores para tratar do enfrentamento da crise do coronavírus. Na abertura do encontro, ele afirmou que deve sancionar nesta quinta o projeto de auxílio financeiro a estados e municípios.
Bolsonaro pediu consenso em torno da manutenção dos vetos que pretende fazer ao projeto. Um dos trechos que o presidente já disse que vai vetar permitia reajuste a servidores no período da pandemia. O congelamento de salários era uma contrapartida pedida pelo governo, mas o texto foi modificado no Congresso.
“O mais importante: se possível sair uma proposta aqui por unanimidade de nós, ao vetarmos quatro dispositivos, um que é de extrema importância, que esse veto venha a ser mantido por parte do parlamento. Porque é assim que vamos construir nossa política, nos entendendo cada vez mais”, disse Bolsonaro.
Ele defendeu o congelamentos dos salários dos servidores até o fim de 2021.
“A cota de sacrifício dos servidores, pela proposta que está aqui, é não ter reajuste até 31 de dezembro do ano que vem”, completou o presidente.
Ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto, estavam os presidente de Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os dois reforçaram a importância da ajuda aos estados e pediram união entre o governo federal e os estaduais no combate ao coronavírus.
A reunião ocorreu em clima de cordialidade e no pronunciamento de todas as autoridades houve pedido de união e defesa do trabalho conjunto entre os poderes para enfrentamento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
Essa cordialidade foi vista inclusive entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vêm trocando ataques nos últimos meses e, numa reunião em março, chegaram a ter uma discussão acalorada por vídeo conferência.
“Quero exaltar e cumprimentar a forma com que essa reunião está sendo conduzida. O Brasil precisa estar unido para vencer a crise, ajudar e proteger a saúde dos brasileiros. O nosso foco neste momento é exatamente esse, proteger os brasileiros em todo o Brasil”, disse Doria na reunião desta quinta.
“Fico feliz, presidente Jair Bolsonaro, por perceber, em todas as intervenções feitas aqui, a começar da sua, depois Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e os dois governadores, Azambuja e Renato Casagrande, exatamente dentro dessa linha. Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos. É o melhor caminho e é a melhor forma de vencer a pandemia”, completou o governador de São Paulo.
Bolsonaro retribuiu a cordialidade.
“Senhor governador João Dória, obrigado pelas palavras, e parabéns pela posição de vossa excelência”, disse o presidente.
“O governo federal, ao lado aqui dos presidentes da Câmara e do Senado, se deus quiser sancionará hoje mesmo esse projeto, com vetos, os quais, segundo nosso entendimento e com toda a certeza da maioria senão totalidade dos senhores governadores, deve ser mantido. Isso é bom para todos nós”, finalizou Bolsonaro.
Maia
Em seu discurso, Maia defendeu o projeto de socorro aos estados e pregou a união entre estados, municípios e governo federal para o enfrentamento da crise.
“Esse projeto vem nessa linha, projeto construído no Congresso Nacional junto com governo federal, que hoje vem à sua sanção em um momento muito importante no enfrentamento à crise. A união de todos no enfrentamento à crise vai criar com certeza as condições para que nos segundo momento possamos tratar do pós-pandemia da recuperação econômica, da recuperação dos empregos”, disse o presidente da Câmara.
Alcolumbre
O presidente do Senado, em sua fala na abertura do encontro, alertou que os políticos e governantes têm responsabilidade de conduzir o país durante a crise da pandemia e também depois, quando, segundo ele, as desigualdades na sociedade devem aumentar. Ele disse que esta é a pior crise sanitária da história do país.
“A gente tem que ter a consciência de que essa crise é sem precedente na nossa vida, mas seremos cobrados por qual atitude tomamos para enfrentar a dificuldade de saúde pública que já tirou a vida de 20 mil brasileiros, milhares perdendo a chance de um futuro promissor. Nós temos responsabilidade com 210 milhões de brasileiros. Após essa pandemia o nosso país terá muito mais desigualdade. Essa diferença nas classes sociais se ampliará. A gente precisa ter responsabilidade e compromisso público”, disse Alcolumbre.
Governador do MS fez pedido em nome dos demais
O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, agradeceu na reunião a “construção coletiva” para transformar em lei o projeto de socorro aos estados e municípios.
“Todos os estados brasileiros pedem a sanção desse projeto de lei complementar, presidente. Ele é muito importante devido principalmente a essa queda brutal da atividade econômica”, afirmou o governador.
Azambuja pediu, em nome dos governadores, que caso o projeto seja sancionado, que estados recebem a primeira parcela ainda em maio.
“Pedir, presidente, se for a intenção do senhor a sanção, que realmente, se possível, foi uma unanimidade dos governadores, que possa fazer liberação dessa primeira parcela ainda no mês de maio, isso é crucial para os entes federados, porque estamos vivendo um momento de perda brutal de nossas receitas”, disse Azambuja.