Coronavírus

Britânicos encerram testes e apontam hidroxicloroquina como ‘inútil’

JN

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Cientistas britânicos suspenderam, nesta sexta-feira (5), um grande teste de laboratório depois de considerarem que o remédio para malária hidroxicloroquina é inútil para tratar pacientes com a Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.

“Isto não é um tratamento para Covid-19. Não funciona”, disse Martin Landray, professor da Universidade de Oxford que está liderando o teste Recovery. “Este resultado deveria mudar a prática médica em todo o mundo. Agora podemos parar de usar um remédio que é inútil”.

A hidroxicloroquina e a cloroquina são defendidas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e pelo presidente Jair Bolsonaro como tratamentos para a Covid-19, apesar da falta de eficácia comprovada.

O apoio explícito de Trump elevou as expectativas a respeito do medicamento de décadas de existência, que especialistas disseram que poderia vir a ser uma ferramenta barata e amplamente acessível, caso se provasse eficácia, no combate à pandemia, que já infectou mais de 6,4 milhões de pessoas e matou quase 400 mil em todo o mundo.

A polêmica a respeito do remédio aumentou depois que um estudo publicado no periódico científico The Lancet neste mês despertou preocupações a respeito de sua segurança e levou à suspensão de vários estudos da Covid-19 relacionados a ele. O estudo do The Lancet foi retirado na quinta-feira (4) depois que seus autores disseram não ter certeza sobre os dados.

Landray, professor de medicina e epidemiologia em Oxford, ressaltou a “especulação enorme” sobre o medicamento como tratamento para Covid-19 e disse que até agora houve “uma ausência de informações confiáveis de grandes testes aleatórios”.

Ele disse que os resultados preliminares do Recovery, que foi um teste aleatório, não foram muito claros: a hidroxicloroquina não diminui o risco de morte em pacientes hospitalizados com Covid-19.

“Se você for internado, não tome hidroxicloroquina”, disse.

O teste de hidroxicloroquina Recovery administrou o remédio aleatoriamente a 1.542 pacientes de Covid-19 e os comparou com 3.132 pacientes de Covid-19 direcionados aleatoriamente a um tratamento sem ele.

Os resultados não mostraram uma diferença considerável na taxa de mortalidade depois de 28 dias, na duração da internação hospitalar ou em outros desfechos, disseram os pesquisadores.

Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que retomaria os testes com hidroxicloroquina como parte de seus testes Solidariedade depois que os responsáveis pelo estudo interromperam brevemente sua administração a novos pacientes devido ao estudo do The Lancet.

No Brasil, o Ministério da Saúde publicou no mês passado um protocolo que recomenda aos médicos o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina mesmo em casos leves da Covid-19, ampliando a recomendação que antes era apenas para casos graves. A mudança foi feita por pressão de Bolsonaro.

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