Política

‘Somos a favor de investigação, mas contra perseguição política’, diz Rui Costa

G1

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O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse neste sábado (13) em entrevista à CNN ser a favor de investigações que ocorrem no país sobre supostas fraudes na saúde, mas contra a “tentativa de fazer desmoralização política daqueles que se opõem ao presidente”.

“Somos a favor de toda e qualquer investigação, o que não desejamos é o uso do aparato institucional para perseguição política ou espetáculo político-partidário tirando o foco das mais de 40 mil mortes pela pandemia no Brasil”.

Costa e os governadores de outros oito estados do Nordeste divulgaram nesta sexta uma carta em que manifestam preocupação em relação a operações policiais nas casas de políticos recentemente, “sem antes ouvir os investigados nem solicitar documentos”.

Nas últimas semanas, a Polícia Federal fez buscas nas residências dos governadores Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, e Helder Barbalho (MDB), do Pará. Ambas as ações investigam fraude na compra de equipamentos médicos durante a pandemia do novo coronavírus.
Costa criticou a apreensão de tablets de crianças nessas ocasiões, por exemplo.

Na carta, os governadores também se posicionam contra o pedido do presidente Bolsonaro para que pessoas entrem em hospitais de campanha para filmar a situação das estruturas.

Para o governador da Bahia, a incitação do presidente ao que chamou de invasão de hospitais é “inconcebível, inaceitável”.

“Nunca imaginaria na minha vida ouvir um presidente da República propor que houvesse a invasão de hospitais, colocando em risco tanto as pessoas que eventualmente fossem entrar como também a vida de pacientes que estão na UTI, entubados, em condições de saúdes debilitadas e, portanto, não podem estar suscetíveis a outras bactérias. É inacreditável isso, é assustador”.

Costa destacou o esforço dos governos em ampliar UTIs e garantir equipamentos e profissionais para atender pacientes infectados pelo novo coronavírus e disse que, por enquanto, não houve registros de invasão a hospitais no estado da Bahia. “Acreditamos que não vai haver adesão a esse tipo de apelo”, disse.

Ele defendeu ainda que visitas oficiais de integrantes do Ministério da Saúde a hospitais seria uma maneira mais simples e institucional de o governo tomar ciência do que está na rede pública. “Seria mais republicano e digno de respeito às famílias”, afirmou.

Na entrevista, o governador também comentou as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro teria tentado interferir na Polícia Federal: “Não me parece que é o papel do presidente da República. Com tanta coisa para cuidar, da saúde, da educação, da infraestrutura, da geração de emprego, de renda, ou seja, um Brasil gigantesco para cuidar, com todos os seus desafios, e o presidente quer colocar colocar como prioridade uma absoluta uma agenda todos os dias com o diretor-geral da Polícia Federal. É estranho isso”, disse.