Governador foi xingado por um dos integrantes do grupo durante ato.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou, neste domingo (14), o subcomandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Sérgio Luiz Ferreira de Souza. O chefe do Executivo local informou à reportagem que a medida ocorre “pelo fato de não se admitir ataques à Republica e aos Poderes”.
A demissão do número 2 da PM ocorre após apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) soltarem fogos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante manifestação antidemocrática e em defesa de medidas anticonstitucionais, na noite de sábado (13).
Na ocasião, um dos manifestantes cita Ibaneis. “Isso aqui não é fogos de Copacabana não, é de revolta”, diz. Em outro trecho de gravação que circula nas redes sociais, o integrante do grupo xinga o governador de “comunista safado”.
De acordo com Ibaneis, o comandante-geral da PM, coronel Julian Pontes, está afastado por Covid-19. Desta forma, o então subcomandante Souza estava à frente da corporação.
“O vice-comandante deveria ter tomado as medidas corretas para não ter chegado ao ponto de jogar fogos em cima de um Poder, que é o nosso Supremo Tribunal Federal”, disse.
O G1 questionou a PMDF sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
‘Vou exigir o respeito’
Ao se pronunciar sobre a demissão, Ibaneis afirmou que vai “exigir o respeito a todos os Poderes” por parte dos manifestantes.
“Aqueles que acham que viriam para Brasília para fazer baderna, fiquem nos seus lugares, porque aqui serão reprimidos de forma bastante virulenta, porque aqui eu sei usar o poder”, disse.
Ibaneis afirmou que vai “tomar providências” caso ocorra outras manifestações de ataques às instituições públicas.
“Se jogarem fogos em cima do Executivo, eu vou tomar providências. Legislativo, da mesma maneira. Isso é uma opinião minha, quero que o país cresça muito”, disse.
Fechamento da Esplanada
Na noite de sábado (13), Ibaneis decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios da meia-noite até as 23h59 deste domingo. No texto, a norma cita “ameaças declaradas por alguns manifestantes” e a “demanda urgente” de “contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública”.
A norma cita que protestos podem ocorrer, desde que previamente comunicados à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP) e autorizados pela pasta.
Contudo, neste domingo, manifestantes ignoraram o decreto e tentaram protestar na Praça dos Três Poderes. Ao serem impedidos, se concentraram em dois pontos na área central de Brasília: no Setor Militar Urbano e em frente ao Palácio do Buriti – sede do governo do Distrito Federal.
A publicação da norma que limitou acesso à Esplanada, ocorreu no mesmo dia em que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e o DF Legal – órgão de fiscalização na capital – fizeram uma operação para desmobilizar acampamentos de apoiadores do presidente Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios.
Os grupos, que estavam acampados desde o dia 1º de maio, foram retirados do local entre esta sexta (12) e sábado (13). Em nota conjunta, a SSP e o DF Legal informaram que os acampamentos foram desmobilizados após “diversas tentativas de negociação para a desocupação da área”.
As pastas afirmam que “os manifestantes ocupavam área pública, o que não é permitido” além de descumprirem decreto que impede aglomerações.
PM nas manifestações
Há duas semanas, no dia 31 de maio, um protesto em defesa de medidas inconstitucionais e antidemocráticas, como o fechamento do Congresso Nacional e do STF, aglomerou manifestantes na Esplanada. Bolsonaro participou do ato, desfilando para manifestantes, sem usar máscara, usando um cavalo da PMDF.
Na ocasião, o G1 questionou a Polícia Militar sobre a legalidade do uso da cavalaria em ato político antidemocrático. Em nota à reportagem, a corporação afirmou que estaria “apurando os fatos”. Posteriormente, a assessoria de comunicação informou que ainda não tinha pronunciamento sobre o caso.
Na data em que é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, no dia 5 de junho, a PMDF impediu que um grupo de ativistas inflasse um boneco que representava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com uma motosserra, suja de sangue, usada como faixa presidencial.
Em nota, a Polícia Militar informou que “não impediu a manifestação”. O comunicado diz que “foi esclarecido que o boneco não poderia permanecer no local, visto que os manifestantes não possuíam autorização para levantar a estrutura”.
A Polícia Militar atuou na retirada de manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro do acampamentos na Esplanada. Um vídeo mostra policiais lançando spray de pimenta em um grupo de pessoas que resistiam sair do local.