Os Estados Unidos registraram uma alta diária de 40 mil infecções pelo novo coronavírus nesta quinta-feira, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
Um recente aumento de casos e hospitalizações levou os Estados americanos do Texas, Flórida e Arizona a interromper os planos de reabertura da economia.
Nesta sexta-feira, o governador do Texas, Greg Abbott, ordenou o fechamento de bares e anunciou outras “medidas direcionadas” para reduzir o contágio.
Um número parecido, de 36.400 casos, foi registrado em 24 de abril, momento em que menos testes eram feitos no país.
Até agora, os Estados Unidos têm 2,4 milhões de infecções confirmadas e 122.370 mortes, o maior número entre todos os países.
Enquanto parte do aumento nos casos diários registrados se deve ao crescimento do número de testes, a taxa de exames positivos em algumas áreas também está subindo.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos estimam que o número real de casos provavelmente seja 10 vezes maior do que mostram os dados oficiais.
Os Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) afirmaram que até 20 milhões de americanos podem ter sido infectados com o coronavírus. A estimativa foi baseada em amostras de sangue coletadas em todo o país e testadas sobre a presença de anticorpos contra o vírus.
O aumento nos casos estava sendo causado por jovens com resultados positivos, especialmente no sul e oeste do país, segundo o chefe do CDC, Robert Redfield.
Quais Estados são os mais atingidos?
O Texas, que figura na vanguarda das medidas para acabar com o isolamento social, assiste agora ao surgimento de milhares de novos casos, o que levou o governador republicano Greg Abbott a interromper temporariamente a reabertura da economia local.
Para tentar conter o surto, ele anunciou que estava fechando bares, proibindo algumas atividades esportivas e ordenando que os restaurantes voltassem a operar com 50% da capacidade.
“Está claro que o aumento de casos é motivado em grande parte por certos tipos de atividades, incluindo texanos reunidos em bares”, afirmou Abbott, em comunicado.
O Texas confirmou um recorde de 5.996 novas infecções na quinta-feira. Novas 47 mortes também foram registradas no mesmo dia, o maior número diário de óbitos em um mês.
Na sexta-feira, a Flórida quebrou seu próprio recorde diário de novas infecções, relatando 8.942 novos casos. O recorde anterior foi de 5.508, na quarta-feira. O Estado agora tem um total de 122.960 casos registrados e 3.366 mortes.
Anteriormente, o governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis, disse que não havia planos para a reabertura contínua da economia. “Eu não disse que iríamos para a próxima fase”, afirmou.
Já o Arizona emergiu como outro epicentro da crise no país. Pesquisadores afirmam que o Estado “perdeu o controle da epidemia”, segundo o jornal The Washington Post.
O governador republicano Doug Ducey, que estava dando às empresas uma “luz verde” para a reabertura, agora diz que os cidadãos do Arizona estão “mais seguros em casa”.
A luz está “amarela”, disse Ducey na quinta-feira. “Estou pedindo aos cidadãos que procedam com cautela, que sejam mais lentos e olhem para os dois lados.”
Outros Estados, incluindo Alabama, Califórnia, Idaho, Mississippi, Missouri, Nevada, Oklahoma, Carolina do Sul e Wyoming, também registraram recordes diários no número de casos confirmados nesta semana.
Nova York, Nova Jersey e Connecticut disseram que vão pedir às pessoas que chegam de oito Estados — Alabama, Arkansas, Arizona, Flórida, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Texas e Utah — que façam isolamento por 14 dias.
Na Califórnia, que registrou um recorde de 7.149 novos casos na quarta-feira, a Disney afirmou que adiou a reabertura do Disneyland Park e do Disney California Adventure Park, prevista para 17 de julho. A empresa disse que primeiro precisava receber a aprovação de funcionários do governo.
O governador Gavin Newsom, do Partido Democrata, disse que o Estado realizou mais de um milhão de testes nas últimas duas semanas — cerca de 5% deles deram positivo.
Newsom tornou obrigatório o uso de máscaras em público.
A Universidade de Washington prevê 180 mil mortes por covid-19 nos Estados Unidos até outubro — caso 95% dos americanos usem máscaras, esse número cairia para 146 mil.
A União Europeia está considerando a possibilidade de proibir a entrada de cidadãos americanos no bloco.
O sistema federal de governo dos EUA permite que os Estados tenham a liberdade de elaborar suas próprias soluções e políticas para problemas urgentes — até mesmo uma crise nacional de saúde.
Os governadores foram, portanto, responsáveis pelos diferentes graus de bloqueio estabelecidos para reduzir a propagação da covid-19.
Essa resposta também foi marcada pela disputa entre o governo do presidente Donald Trump e alguns governadores.
Em março, o presidente Trump deixou claro que queria ver a reabertura dos negócios “em breve”.
Diante do aumento do desemprego e de uma crise econômica poucos meses antes das eleições de novembro, ele tuitou na época: “Não podemos deixar que a cura seja pior que o próprio problema”.
O presidente chegou ao ponto de endossar protestos nas ruas contra medidas rigorosas de bloqueio em vários Estados.
Então, em abril, o presidente Trump lançou orientações aos governadores sobre a reabertura das economias locais.
As diretrizes descreviam fases para que os Estados relaxassem gradualmente seus bloqueios.
Trump prometeu aos governadores que eles mesmos iriam liderar o processo, com a ajuda do governo federal.