Cinco funcionários e outras 12 pessoas, que tiveram contato com trabalhadores dos locais, morreram de Covid-19, conforme o Ministério Público do Trabalho.
Subiu para 6.202 o número de trabalhadores infectados pelo coronavírus em frigoríficos do Rio Grande do Sul. As informações são do Ministério Público do Trabalho (MPT). Cinco empregados e 12 pessoas, que tiveram contato com funcionários dos locais, morreram devido à Covid-19.
Em 19 de junho, o levantamento do MPT apontava que o estado tinha 4.385 trabalhadores de frigoríficos com diagnóstico positivo para o coronavírus.
Segundo o MPT, 14 unidades têm mais de 100 casos de Covid-19 em cada uma. Conforme o órgão, o estado tem 39 unidades frigoríficas, que totalizam 35.850 empregados.
Os frigoríficos ficam em 29 municípios gaúchos: Arroio do Meio, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Encantado, Farroupilha, Garibaldi, Lajeado, Marau, Miraguaí, Montenegro, Morro Reuter, Nova Araça, Osório, Passo Fundo, Poço das Antas, Presidente Lucena, Santa Maria, Santa Rosa, São Gabriel, São Sebastião do Caí, Seberi, Serafina Correa, Tapejara, Teutônia, Três Passos, Trindade do Sul, Vila Lângaro e Westfália.
O MPT-RS emitiu, em março, recomendações ao setor, com o objetivo de conscientizar e orientar sobre medidas a serem adotadas durante a pandemia. Foram firmados termos de ajuste de conduta (TACs) com empresas que se comprometeram a adotar medidas de prevenção à transmissão e ao contágio da doença em suas fábricas.
Os termos preveem cobrança de multas em caso de constatação de descumprimento, reversíveis a entidades beneficentes locais ou a ações de combate e prevenção ao coronavírus no estado.
Foram ajuizadas também cinco ações civis públicas pelo MPT contra a JBS: duas em Trindade do Sul, uma em Ana Rech / Caxias do Sul, uma em Passo Fundo e uma em Três Passos. Na época, a JBS disse que não se manifesta sobre processos judiciais em andamento, e reiterou que mantém medidas de prevenção.
Outras duas plantas também foram interditadas liminarmente por ações do MP Estadual em maio: BRF e Minuano, ambas de Lajeado.
Na época, a BRF informou, em nota, que iria recorrer e que estava cumprindo todas as medidas protetivas e protocolos indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde, especialistas e autoridades. A Minuano também manifestou discordância em relação a interdição em maio, e ressaltou que ainda em março, a empresa elaborou um rigoroso plano de ação, com medidas visando a mitigação da disseminação do vírus entre seus colaboradores e terceiros.
Segundo o MPT, os frigoríficos são ambientes de trabalho propícios para disseminação do vírus causador da Covid-19, em razão da elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, umidade, e com diversos postos de trabalho que não observam o distanciamento mínimo.
“As medidas de paralisação de atividades são excepcionais, mas, muitas vezes, são a única alternativa viável para a preservação da saúde dos trabalhadores e contenção do crescimento exponencial de casos nos estabelecimentos. Os casos acabam gerando reflexos, inclusive, nos critérios e regras de funcionamento de outras atividades do setor comercial e de serviços dos municípios atingidos”, afirma a procuradora Priscila Dibi Schvarcz, gerente nacional adjunta do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos.
Segundo o último levantamento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), divulgado no domingo (12), o Rio Grande do Sul tem 962 mortes por Covid-19 e mais de 39,2 mil casos confirmados.