Lewis Hamilton venceu com dramaticidade o GP da Inglaterra. A conquista veio depois que o hexacampeão teve um pneu furado na última volta. Mas o britânico conseguiu se arrastar até o fim para coroar mais uma conquista na carreira
O GP da Inglaterra foi morno durante quase toda a sua duração. Nem mesmo as intervenções do safety-car com as batidas de Kevin Magnussen e Daniil Kvyat foram capazes de animar a disputa. Apenas nas voltas finais, tudo mudou. Três pilotos tiveram pneus furados: Valtteri Bottas, Carlos Sainz e o líder da prova, Lewis Hamilton. A corrida ganhou ares de dramaticidade com o hexacampeão a se arrastar para a bandeirada na última volta. Mesmo com Max Verstappen se aproximando cada vez mais, Hamilton conseguiu cruzar a linha de chegada. Foi a 87ª vitória na carreira e a sétima do hexacampeão do mundo no circuito de Silverstone. E, talvez, a corrida mais dramática de todas para Lewis.
Valtteri Bottas só conseguiu ameaçar Hamilton na largada. O finlandês tracionou até melhor, mas preferiu evitar o risco de um incidente. Daí em diante, Lewis jamais foi incomodado pelo companheiro de equipe, que caminhava para terminar em segundo, mas teve o pneu furado nas voltas finais. Max Verstappen tirou proveito da situação. O holandês fez uma corrida bastante isolada com a Red Bull, largou em terceiro e assim vinha até ter sido beneficiado pelo furo de pneu de Bottas, garantindo um improvável segundo lugar que quase virou vitória.
Charles Leclerc, com a Ferrari, conseguiu terminar na terceira colocação, mas por pouco não perdeu o pódio para Daniel Ricciardo, da Renault. Lando Norris foi outro que perdeu rendimento na volta final, foi superado pelo australiano e finalizou em quinto, à frente da AlphaTauri de Pierre Gasly. Alexander Albon, que chegou a andar em último depois do incidente com Magnussen no começo da corrida, foi o oitavo. Lance Stroll, com performance bem ruim a bordo da ‘Mercedes rosa’ da Racing Point, salvou o nono posto, enquanto Sebastian Vettel ainda marcou 1 ponto ao terminar o domingo em décimo.
Outro piloto que teve desempenho sofrível nesta tarde foi Kimi Räikkönen. Superado até pela Williams de Nicholas Latifi, o veterano da Alfa Romeo terminou em 17º e último dentre os carros que concluíram a prova.
A quinta etapa da temporada 2020 é o GP do Aniversário de 70 Anos da F1, que vai ser disputado também em Silverstone, no próximo fim de semana.
A quarta corrida da temporada começou com uma baixa. A Racing Point informou que o carro de Nico Hülkenberg sofreu uma pane na unidade de potência antes da volta de saída dos boxes. A equipe de Silverstone trabalhou para colocar o alemão, substituto de Sergio Pérez, infectado pelo coronavírus, na pista, mas não foi possível. Assim, o alemão voltou à F1, mas não conseguiu correr na prova que marcou seu regresso à categoria.
A largada, portanto, foi com 19 carros. Lewis Hamilton não tracionou tão bem, Valtteri Bottas saiu melhor e emparelhou antes da primeira curva, mas o hexacampeão levou a melhor e manteve a dianteira. Charles Leclerc partiu melhor que a Red Bull de Max Verstappen e chegou a colocar a Ferrari em terceiro, mas foi ultrapassado pouco depois pelo holandês. Carlos Sainz e Daniel Ricciardo também começaram bem a corrida e subiram para quinto e sexto, respectivamente, enquanto Lance Stroll caiu para o oitavo lugar.
Na segunda volta, Alexander Albon e Kevin Magnussen disputavam posição, mas o dinamarquês levou a pior após contato com a Red Bull do anglo-tailandês na última curva do circuito britânico, perdeu o controle da sua Haas e acertou a barreira de proteção. Tudo ok com o piloto, mas o safety-car foi acionado pela direção de prova, que pouco depois puniu Albon em 5s por ter sido considerado culpado pela colisão.
A bandeira verde voltou a ser acionada na sexta volta. com top-5 inalterado: Hamilton, Bottas, Verstappen, Leclerc e Sainz. Um giro depois, a Red Bull chamou Albon para os boxes para a troca de pneus em razão de vibrações no carro. A equipe calçou o carro #23 com compostos duros. Já Sebastian Vettel sofria para manter a décima posição e era pressionado pela AlphaTauri de Pierre Gasly.
O safety-car foi acionado novamente na volta 13. Daniil Kvyat, que andava em 12º, escapou na curva Becketts, bateu muito forte e destruiu o carro da AlphaTauri. Contudo, tudo bem com o piloto russo, que protagonizou atitude feia ao descontar sua frustração no câmera que o filmava após sua saída do carro. Com a bandeira amarela, todos os pilotos, menos Romain Grosjean, foram para os boxes para a troca de pneus.
Durante o período de bandeira amarela, pilotos como Hamilton e Leclerc reclamavam da velocidade imposta pelo piloto do safety-car, Bernd Mayländer. No giro seguinte, na volta 19, o SC voltou para os boxes, e Lewis puxou o pelotão novamente com bandeira verde. Na volta de relargada, Norris passou Ricciardo por fora e foi para cima do companheiro de equipe, Sainz.
Sem ainda ter feito seu pit-stop, Grosjean aparecia em quinto com a Haas. Mas o franco-suíço sofria forte pressão de Sainz, que reclamou da postura do adversário na pista. “Ele mudou a direção. Pilotagem perigosa”. Pouco depois, o espanhol finalmente conseguiu a ultrapassagem e voltou ao quinto lugar, deixando a Haas #8 na alça de mira de Norris.
Lá na frente, Hamilton seguia nadando de braçada e fazia seguidas voltas mais rápidas. Bottas via a diferença subir para 1s7. Mais atrás, em terceiro, Verstappen fazia uma corrida isolada, não pressionava a dupla da Mercedes, mas também não apertava Leclerc, em quarto. Sainz tentava se aproximar e seguia em quinto, seguido por Norris, que fez a ultrapassagem sobre Grosjean na volta 25. O franco-suíço recebeu uma bandeira preta e branca, de advertência, pela manobra anterior de defesa de posição contra Sainz.
As câmeras da transmissão da corrida mostravam um novo capítulo da fase final da carreira de Kimi Räikkönen. O finlandês era ultrapassado pela Williams de Nicholas Latifi e caiu para 16º e penúltimo, ficando só à frente da Red Bull de Albon, que acabou por superar o ‘Homem de Gelo’. E mesmo Antonio Giovinazzi, com a punição em 5s por infração durante o período de safety-car, estava melhor que o veterano, em 12º lugar.
Outro que sofria claramente era Vettel, que não conseguia sequer se sustentar diante de Gasly, que conseguiu fazer a ultrapassagem na volta 39. Pouco antes, Grosjean jogava duro para se manter à frente de Ricciardo, que conseguiu ganhar a sétima posição antes do pit-stop do piloto da Haas.
Nas voltas finais, Ocon conseguiu superar Ocon até com certa facilidade e avançou para a oitava posição. Ricciardo, por sua vez, pressionava Sainz e Norris e tentava obter o sexto lugar. E Räikkönen, de maneira melancólica, vinha lento na pista depois de ter quebrada a asa dianteira.
Stroll vinha tão mal que conseguiu ser batido até por Gasly, que conquistou o nono lugar quando restavam três voltas para o fim.
A corrida ganhou contornos dramáticos nos giros finais. Bottas e Carlos Sainz tiveram pneus furados nas voltas finais. Hamilton também viveu um grande drama no giro derradeiro e se arrastou para completar a corrida em primeiro, depois de também ter o pneu dianteiro esquerdo furado. O inglês levou muita sorte pela ocorrência ter sido no meio da volta final. A vantagem confortável foi fundamental para que o piloto não fosse ultrapassado por Verstappen, que cruzou a linha de chegada em segundo. E Leclerc, que vinha tranquilo em quarto, abocanhou outro pódio improvável na temporada 2020 da Fórmula 1.