Política

PGR desiste de denuncia contra o deputado Arthur Lira, um dos líderes do ‘Centrão’

Três meses após acusação ao STF, chefe da Lava Jato, Lindôra Araújo, concordou com tese de que não há prova de que parlamentar recebeu R$ 1,6 milhão em propina de empreiteira.

O líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira. — Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

A chefe da Lava Jato, subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) que rejeite uma denúncia oferecida pela própria Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Arthur Lira (PP-AL).

O parlamentar é um dos principais líderes do chamado “Centrão”, grupo que passou a integrar a base do governo Jair Bolsonaro na Câmara.

Lindôra se manifestou favoravelmente a um pedido feito pela defesa do deputado. Segundo os advogados, não há provas na denúncia que liguem Lira ao suposto recebimento de propina de R$ 1,6 milhão da Queiroz Galvão, como apontou ao Supremo investigação no âmbito da Lava Jato.

A denúncia do Ministério Público Federal é uma acusação formal feita ao Supremo. Caberá ao tribunal analisar se vai receber a denúncia. Se decidir receber, será aberta uma ação penal, e o deputado passa à condição de réu.

Em junho, Lira foi acusado de corrupção passiva. O parlamentar teria recebido propina da empreiteira Queiroz Galvão pelo apoio do PP à manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras. Costa foi preso em março de 2014, quando a Lava Jato foi deflagrada.

O novo parecer de Lindôra descontrói a principal tese da denúncia. Agora, a Procuradoria diz que não há provas da relação de Lira com a empreiteira.

“Em relação à tese de que não há nos autos prova da existência de relação pessoal entre Arthur Lira e a construtora Queiroz Galvão e/ ou seus executivos, assiste razão à defesa”, escreveu.

A chefe da Lava Jato afirmou que “há contradição entre as narrativas apresentadas pelos colaboradores Alberto Youssef e Carlos Rocha quanto ao destino dos valores ilícitos pagos pela construtora Queiroz Galvão – um pagamento de R$ 1.005.700,00 e outro de R$ 593.000,00, ambos realizados em Brasília nos dias 16 e 17/05/2012”.

A procuradora argumentou ainda que “não consta da planilha de controle do “caixa de propina” à disposição do Partido Progressista nenhuma informação de que os referidos valores seriam destinados a Arthur Lira (consta a informação de que o “dinheiro foi para BSB destinado a políticos do PP/Liderança “)”.

“Tais circunstâncias revelam, por ora, a fragilidade probatória quanto aos fatos imputados ao deputado Federal Arthur Lira. Por conseguinte, em juízo de parcial retratação, manifesta-se o Ministério Público Federal favoravelmente ao pleito defensivo. a fim de que seja rejeitada a denúncia em relação a Arthur Lira”, diz a PGR.