Eleições 2020

Maior doador de campanhas já investiu em 110 candidatos em 52 municípios do país

AMANDA PEROBELLI | Crédito: REUTERS

Salim Mattar, presidente da Localiza

Ex-secretário de Desestatização do governo Jair Bolsonaro, o empresário Salim Mattar é o maior doador da campanha municipal até o momento. O fundador da Localiza já doou R$ 1,3 milhão para mais de 110 candidatos a prefeito e a vereador em 52 municípios, no Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.

Seus escolhidos são de 14 partidos diferentes. A maioria é filiada ao Novo, que segue ideais liberais, mas há candidatos de legendas conservadoras, como PSL e Patriota, até legendas de esquerda, como PDT e PSB. Estão ainda na lista DEM, PSDB, Progressistas, Solidariedade, Podemos, Cidadania, PL, PSD e Republicanos.

E o número de candidatos apoiados por Salim Mattar aumentará nos próximos dias.

—Agora há pouco chegaram dois e-mails de candidatos pedindo, e já decidi que vou doar também — disse Mattar.

O empresário diz que não estipulou um valor para a campanha deste ano e estima em torno de 130 o número de candidatos que devem ser contemplados. Os repasses que fez até o momento vão de R$ 8,5 mil para candidatos a vereador a R$ 200 mil para a campanha de Mendonça Filho (DEM) à prefeitura de Recife.

— Eu podia pegar esse dinheiro e comprar uma Ferrari, podia distribuir para as minhas três filhas, comprar relógios caríssimos. Podia investir na bolsa e ganhar dinheiro. Mas, como cidadão, acho que devo contribuir de alguma forma. É uma forma de eu dormir tranquilo à noite — disse Mattar.

O empresário afirmou que, originalmente, seu plano era beneficiar apenas os candidatos do Novo, porque, como a sigla não usa dinheiro dos fundos partidário e eleitoral, ficaria em desvantagem.

Indagado sobre se não haveria incoerência em apoiar candidatos de partidos de direita, de centro e de esquerda, Salim Mattar justificou:

— Muitos são candidatos liberais que não contam com diretório do partido Novo em suas cidades. Então olho candidatos com tendências liberais, não o partido. Em Crucilândia, no interior de Minas, por exemplo, tem só três ou quatro partidos políticos estabelecidos. Então doei para um candidato a vereador do PDT, que foi estimulado a entrar na política por um deputado federal do Novo.

Em seguida, afirmou que acha graça dessa situação:

— Morro de rir. Imagina só, eu ajudando o partido do Ciro Gomes! Salim enlouqueceu? Não. Na verdade, é só porque não tinha um diretório do Novo na cidade. Na primeira oportunidade que esses candidatos tiverem, vão migrar para o Novo.

Ele explicou ainda por que investe em candidaturas em diferentes cidades do país:

— No varejo, é o que chamamos de estratégia de distribuição. Oito deputados federais do Novo já fazem uma diferença brutal em Brasília. Então é importante pulverizar isso pelas Câmaras Municipais Brasil afora.

Irmão no ranking

Além de Mendonça Filho, três candidatos a prefeito aparecem como beneficiários das doações de Mattar no site do Tribunal Superior Eleitoral: Arthur do Val (Patriota), em São Paulo; Emiliano Braga dos Santos (Patriota), em Pedro Leopoldo (MG); e Guto Scarpanti (Novo), em Campo Grande (MS). Arthur do Val recebeu R$ 25 mil, enquanto Emiliano Santos e Scarpanti, R$ 10 mil cada.

— Como não tem candidato do Novo em São Paulo, achei oportuno ajudar o Arthur do Val. Ele defende privatizações, reduzir o tamanho da prefeitura. Já o Mendonça é meu amigo há longo tempo. Fez excelente administração no Ministério da Educação. Gostaria muito de ajudá-lo a se eleger.

Abaixo de Salim Mattar no ranking de doadores de campanha, aparece seu irmão, Eugênio Mattar, com R$ 1,2 milhão em doações. Diferentemente de Salim, Eugênio, atual dono da Localiza, concentrou sua distribuição em Belo Horizonte, doando R$ 1 milhão para o candidato a prefeito Rodrigo Antônio de Paiva, e R$ 50 mil para quatro candidatos a vereador — todos do partido Novo.

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