Mais de 1,5 mil servidores federais se candidatam, mantêm salário e custam pelo menos R$ 46 milhões

Segundo o Ministério da Economia, eles não têm a opção de abrir mão da remuneração nesse tempo.

Um levantamento feito pelo G1 revela que ao menos 1.593 servidores do governo federal são candidatos nestas eleições.

Esses funcionários foram obrigados a solicitar uma licença para a atividade política, que dura de três a seis meses, dependendo do cargo. Segundo o Ministério da Economia, o servidor não tem a opção de abrir mão da remuneração nesse tempo, apesar de estarem afastados do cargo.

Em apenas um mês, o salário desses servidores chega a R$ 15,5 milhões. Ou seja, considerando o tempo mínimo de licença, esse montante é de R$ 46,4 milhões.

É provável, porém, que os valores sejam ainda maiores, principalmente quando considerados os servidores do Legislativo e do Judiciário, além de funcionários públicos das esferas municipal e estadual.

Os servidores que se lançaram na política em 2020 ocupavam, principalmente, os cargos de professor, médico, policial rodoviário federal, sargento e técnico do seguro social. A maioria estava lotada nos ministérios da Saúde e da Economia, no INSS, no Comando do Exército e na Polícia Rodoviária Federal (PRF). O cargo eletivo mais buscado é o de vereador (1.320 do total).

O levantamento é resultado do cruzamento de dados da lista de servidores do Poder Executivo do governo federal, disponível no Portal da Transparência, e de candidatos que disputam estas eleições, disponível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Ministério da Economia informa que esse é o arquivo público mais completo sobre servidores.

Gasto ainda maior
Um estudo com a lista de candidatos das eleições de 2016 e 2018, realizado pelos professores Humberto Dantas e Fernando Botelho, indica que o custo dos servidores candidatos deve ser ainda maior do que o revelado pelo levantamento do G1.

Em 2016, as remunerações pagas a servidores candidatos somaram R$ 687,8 milhões. Já em 2018, com menos candidatos na arena eleitoral, o total foi de R$ 112,2 milhões. Com o aumento de candidaturas em 2020, devido principalmente ao fim da coligação em eleições proporcionais (como a de vereador), os professores acreditam que a soma dos salários deve ficar próxima a R$ 700 milhões.

Para a pesquisa referente às eleições passadas, os professores cruzaram a base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – que não é pública, exige a assinatura de um termo e ainda não há versão referente a 2020 – e a lista de candidatos do TSE. Foram considerados apenas os funcionários públicos concursados em todas as esferas e poderes.

 

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