Boletim de ocorrência foi registrado, e Polícia Civil instaurou inquérito nesta quarta (18) para investigar o caso.
A vereadora Ana Lúcia Martins (PT) é a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vereadores de Joinville, no Norte catarinense. Desde domingo (15), com o resultado das eleições, ela vem recebendo ataques em redes sociais e até ameaças de morte.
A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) instaurou inquérito na tarde desta quarta-feira (18) por injúria racial e ameaça, após um boletim de ocorrência pelos mesmos crimes ser registrado.
“A priori é isso. O racismo a gente vai analisar posteriormente. Iniciamos agora a apuração dos fatos. Em relação à autoria, a gente ainda não tem”, detalhou a delegada Cláudia Cristiane Gonçalves de Lima.
Com 54 anos, Ana Lúcia está entre os 19 eleitos no domingo para o Legislativo no maior colégio eleitoral de Santa Catarina e recebeu 3.126 votos (1,18%).
Segundo a vereadora, antes mesmo de sair os resultados das urnas, começaram os ataques, que, depois, foram agravados por duas ameaças.
Um dos comentários direcionados à ela, por um perfil incialmente não identificado, diz: “Agora só falta a gente m4t4r el4 [sic] e entrar o suplente que é branco”.
‘Sabia que não seria fácil’
A vereadora eleita já foi ouvida pela polícia. Ela falou sobre o caso em suas redes sociais e diz que está com sua “integridade física ameaçada”.
“Não é uma simples opinião quando encoraja racismo e ameaça. […] Sabia que não seria fácil. Estava ciente que enfrentaria uma certa resistência em uma cidade que elegeu apenas na segunda década do século 21 a primeira mulher negra. Só não esperava ataques tão violentos”, disse.
O Partido dos Trabalhadores divulgou nota repudiando as ameaças. A advogada do partido está prestando apoio e acompanhou Ana na delegacia. Segundo a profissional, a possibilidade de pedir proteção à Ana é avaliada.
“Diante desse gravíssimo fato, manifestamos nossa solidariedade e apoio à companheira Ana Lúcia Martins e esperamos que as autoridades atuem de maneira rápida no intuito de descobrir e responsabilizar os autores, para que sejam levados à justiça”, diz um trecho da nota do PT.
Ana nasceu no bairro Floresta, zona Sul de Joinville, atuou como servidora pública e é uma das lideranças na defesa dos direitos das mulheres, da população negra, imigrantes e de comunidade periféricas.