Valor abrange suspeitas relacionadas a doações para campanhas e pagamentos de serviços. A partir do levantamento, juízes podem determinar investigações e usar dados em julgamentos.
Relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que os indícios de irregularidades em campanhas no primeiro turno das eleições municipais somam R$ 60,4 milhões. O valor abrange, doações e pagamentos de serviços.
O levantamento, obtido pela TV Globo, foi fechado pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral do tribunal.
Os dados fazem parte de um cruzamento de um banco de dados que também reúne informações de seis órgãos federais, entre os quais Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério Público Eleitoral (MPE).
O documento mostra que:
9.068 doações de pessoas sem emprego formal registrado somaram R$ 33,7 milhões;
1.981 doadores com renda incompatível com o valor repassado somaram R$ 17,3 milhões;
1.745 fornecedores contratados por empresas cujos sócios são filiados a partidos políticos, com contratos, somaram cerca de R$ 3,3 milhões;
1.502 fornecedores sem registro na Receita Federal ou na Junta comercial receberam R$ 2,7 milhões por serviços prestados;
1.289 fornecedores que têm no quadro societário pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família;
1.227 inscritos em programas sociais transferiram R$ 573 mil;
925 fornecedores de campanha têm relação de parentesco com o candidato ou o vice receberam mais de R$ 1,6 milhão;
15 pessoas constam do Sistema de Controle de Óbitos e aparecem como doadores de R$ 19.587,40.
Próximos passos
A partir desse levantamento, os juízes eleitorais podem determinar novas investigações e usar os dados para julgar as contas eleitorais de candidatos.
Além disso, as informações podem servir de base para o Ministério Público Eleitoral iniciar apurações.
Procurado, o TSE disse que não poderia passar mais informações sobre as investigações “porque se trata de informação que ainda passará por apuração para atestar a procedência do indício”.